Dores, cansaço e chocolate.
Basicamente resumem o meu estado no dia mundial da dança.
Mas isso não interessa nada pois eu quero é falar de homens. Ou dos homens. Bem... das mulheres.
Isto tudo para dizer que um dos principais motivos de galhofa e contentamento feminino nos ensaios é uma nova e boa aquisição masculina, que é nada mais, nada menos que o meu par no Cell Block Tango.
Como disse, nova e boa. Em todos os sentidos. Para além de ser recém-chegado às lides do Jazz 2, a criatura conta com dezoito aninhos acabados de fazer. Dezoito aninhos mas daqueles espalhados por um rosto moreno e um corpo de perdição que fazem com que levemos o tempo a repetir "Ele só tem dezoito anos". ELE SÓ TEM DEZOITO ANOS.
Depois não é só o físico. É dedicado, concentrado, inteligente, charmoso, com carisma, dança bem, aprende rápido, sabe pegar numa mulher. Ainda tem lá as suas quinhentas modalidades desportivas que pratica, mais as artes marciais, com ar de Van Damme de trazer por casa ou pela pista de dança, muito aprumadinho mas com cara de quem parte muitos pratos, copos e toda a baixela da Vista Alegre. Enfim, uma delícia irrecusável mas com o rótulo dos dezoito. Deve ser a palavra que mais repetimos. Dezoito.
Dezoito. DEZOITO. DEZOITO!
Chego até aqui para confessar que gosto de o admirar. De lhe passar a mão pelo pêlo, de acordo com a coreografia, com a intensidade que merece. Mas não me consigo imaginar, não imagino mesmo rebolar com ele, numa cama, chão, mesa de cozinha ou balneário.
Tão somente porque, apesar da sua maturidade, dezoito são dezoito e nestas coisas das relações, gosto de quem me mostre o mundo. Não tenho vocação para guia. Quanto muito, parto à descoberta conjunta (e se gosto da descoberta conjunta) mas gosto mesmo de ver que existem umas quantas páginas já escritas, sofridas, amadas.
Neste dia de dores, chocolate e cansaço, marco e trato dos últimos arranjos para a minha viagem.
Sempre quis fazer uma viagem sozinha. Daquelas de mochila para descobrir Vietnames, Cambodjas, Costas Ricas. Agora vou para aqui.
Uma garota sozinha no Rio.
Não é engraçado?
Estou completamente sem motivação. Viajar sozinha, sim mas não para o Rio.
É que, desde nova, dou provas do meu talento para a estupidez.
Isso ou serei raptada, arrastada para a uma favela e ninguém dará pela minha falta.
Pelo menos até dia dezanove.
E depois?
Depois quero saber quem é que traz os biquinis!