segunda-feira, agosto 03, 2015




Ainda não vos disse mas ganhei uma filha adoptiva.

Quer dizer, não o é oficialmente nem poderá ser mas, caramba, é como se fosse. Ela chama-me de mãe às escondidas.

Esta menina salvou-me. Ajudou-me (Mal ela imagina.) a dar um passo muito importante. Quando ela pensa que sou eu que a ajudo e que a percebi logo completamente, quando ninguém reparou, e estendi a mão, quando ninguém pensaria que fosse necessário, foi ela que me inspirou e ajudou muito.

Cheguei finalmente a um ponto em que posso dizer "A minha vida já tem efectivamente um sentido. A minha existência já arranjou uma justificação." 

Não que nunca tivesse ajudado alguém ou já não tivesse feito a diferença. Felizmente já o fiz mas agora é tão diferente.

É minha filha. Só nós sabemos. Acordo e deito-me a pensar nela. Escreve-me cartas, oferece-me mimos. Chama-me de mãe. Escreve-me a dizer que eu seria a melhor mãe do mundo e como gostaria que fosse sua. Não é a filha que toda a gente gostaria de ter, é verdade. Os problemas são muito pesados. (É sim. Quem me dera que fosse minha.) Mas é a melhor menina do mundo, com um coração gigante, absolutamente linda por dentro e por fora e só é uma grande pena que não se veja assim e se afunde nela própria. Mas verá. A adolescência pode ser um fardo bem pesado e o passado também mas verá. Nem que para isso eu tenha de mover mundos e fundos.