quinta-feira, dezembro 20, 2012

A minha árvore de Natal é uma árvore de Natal




Por mais que tente fugir com o rabo à seringa, todos os anos os meus pais massacram-me para lhes fazer a árvore de Natal.

Ai que é tradição, ai que quando eram pequenos faziam com o vosso pai mas depois passaste a fazer tu e assim é que gostamos. Que é como quem diz ninguém se chegava à frente, ninguém tinha paciência e chegava ao dia vinte e três ou até ao dia vinte e quatro e lá me calhava na rifa.  

Reparem, fazer a árvore de Natal não é uma tarefa assim tão desgostosa, se pensarmos que adoro decoração e tudo o que seja projecto de trabalhos manuais. A grande questão é que a decoração é sempre a mesma e mesmo à conta para ao ser colocada, ficar exactamente igual, de ano atrás de ano. Detesto. Também não sou amiga do caos, sou amiga da criatividade mas dispor bolas e outros ornamentos implica uma mestria (leiam esquadria) para que fique minimamente agradável ao olhar.

Depois, é uma luta para se comprar decorações novas. Ou faço eu (O que acontece quando entro no limite do enjoo.) ou aturas a mesma parafernália ano após ano. Há dois anos, tive um saudosismo enorme e ainda andei à procura das decorações dos anos oitenta (Que provavelmente duraram uma década.). Aquela misturada de cores, tipos e feitios tanto nas bolas como nas grinaldas que era um deleite para qualquer amante de kitsch. Todavia, após revirar a casa inteira e a arrecadação, descobri que tinham sido deitadas fora, sem qualquer comunicado à minha pessoa.

Este ano, torcendo o nariz e bradando aos céus a minha completa ausência de vontade para fazer seja o que for, ao invés de um "Nem pensar, gastar dinheiro nessas coisas, quando os tempos não estão bons." ouvi um "Olha, comprei uns chocolates para pôr na árvore de Natal, tal e qual faziam quando eram pequeninos! Já tenho tanta saudade de ver a árvore assim!" e. perante o meu olhar de espanto (Misto de vómito ao imaginar as cores e as formas dos chocolates juntas com a perfeita simetria de formas e cor da restante decoração.), lá ouvi o tradicional "Decoração? Nem pensar, gastar dinheiro nessas coisas, quando os tempos não estão bons."

Não me julguem, caros leitores. Eu gosto do caos quando ele faz sentido. Os chocolates coloridos e de formas diferentes ficavam giríssimos com as bolas encarnadas, amarelas, verdes, roxas, azuis, cor-de-rosa, com ou sem neve e as restantes grinaldas arco-íris. As pequenas garrafas de champanhe, os pais de Natal, os carrinhos, as bonecas, as pinhas, as sombrinhas, tudo isso fazia sentido no meio da loucura "oitentiana". Só que nem isso são. São uns pais Natal, umas pinhas e uns sinos muito deslavados. Eu gostava era dos chocolates da Imperial. Assim, não.

Portanto, a minha árvore de Natal é uma verdadeira árvore de Natal. 

Encarnou a Ana Dello Russo,a  Lady Gaga e o Manuel Luis Goucha, ao mesmo tempo.

Ao engraçadinho, ao atrevido, ao supositório ambulante que tentar fotografá-la, aviso com a devida e legal antecedência que será placado, esmurrado nos queixos, pontapeado nos tin-tins e agredido com uma valente cuspidela de gosma esverdeada.

Ouviram, queridos irmão e primos?

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