sexta-feira, maio 22, 2009

Calçadão/Bossa Nova/Beijos/Açaí com banana/Temakeria


Eu adoro os meus amigos homens. E adoro ter amigos homens.

Não me interpretem mal, tenho imensas amigas e existem coisas que só se partilham e fazem com mulheres (as amigas da dança, então, são o máximo) mas acho um piadão aos amigos homens.

Evidente que amigos, amigos, daqueles que durmo ao seu lado como quem dorme com uma irmã, que assistem às minhas olheiras, ramelas e choros são pouquíssimos, dois, pronto, um daqueles de aço inoxidável e inquebrável que me acompanha desde que me descobri.

Isto para introduzir o seguinte: os meus amigos homens "adoraram" o facto de ir para o Rio sozinha. Ai, que vais ser assediada, ai que não te vão deixar em paz, vem um matulão e leva-te e outros mimos do género foi o que mais ouvi na semana anterior à viagem. A mesma lenga-lenga do ano passado, com a matiz de em vez de ir com a bifa, vou sozinha.

Simplesmente, encontro-lhes piada porque entre as graçolas e brincadeiras deixam escapar uma certa possessividade e temor de perderem aquilo que realmente não têm. É típico de homem, animal até e, na medida certa, adorável.

Um deles, melhor, nem posso dizer que seja meu amigo, é quanto muito um conhecido/com amigos em comum/ possível futuro flirt/ possível futuro qualquer coisa, incluindo um "afinal és uma saloia e eu sou um pedante", como dizia, um deles por várias vezes me disse "Vais beijar tanto! Tu diverte-te mas não voltes de lá prenha! (Acreditem que isto no contexto certo tem muita piada.) (Ai que estou feita porque ele lê isto...)

Ora bem, vou confessar aqui uma coisa que nunca confessei a ninguém.

Geralmente, tenho o meu quanto baste de assédio, é verdade e não vou negar ou mascarar-me de ingénua ou falsa modesta. No entanto, nunca, repito, NUNCA fui tão assediada na minha vida como fui nas duas semanas no ano passado naquela cidade.

Aquela cidade levou o meu ego ao Olimpo e tais momentos deveriam ter sido gravados e guardados para abrir nos períodos de Bridget.

Portanto, quando parti, obviamente que já ia com essa expectativa, antes com as favas contadas, algum receio, ainda assim seria definitivamente um plus para conhecer gente e não passar os dias abandonada no areal ou no Temaki Mania.

Agora, é exactamente aqui que quero chegar.

Não sei o que andaram a fazer. Se rezaram em conjunto, prometeram mundos e fundos à Nossa Senhora de Fátima, se fizeram irmandades, sacrificaram galinhas, o que for.

Diz "O Segredo" que o poder do pensamento e do desejo é tudo, pois bem, muito provavelmente, à conta destes ardilosos, consegui ter a viagem mais suis generis da minha vida.

Passei muito bem por carioca, garota de Ipanema, amei todos os segundos lá passados.

Assédio, paquera, gato que vê gata e mete conversa foi a coisa mais surreal.

Sim, porque na primeira hora que coloquei os pés na areia, tive um gato que me paquerou, quis levar para a sua casa e cuidar de mim até ao final da vida. Com ar completamente alucinado que deixou escapar "Se eu vou para casa, começo a beber e não consigo parar." (Foi aí que levei a sério o "até ao final da vida", sendo que a minha seria muito curta nas mãos dele.)

Depois de me escapar desse e pronta para alguém mais saudável de ideias, NEM UM. Mas nem um mesmo! Nem um olhar na rua, nem um mete-conversa na lanchonete, nem um faz-de-conta que não sou de cá e pergunto-te onde é mais legal para sair.

Quinta-feira à noite, vou beber uns copos com uns amigos de uma amiga, depois de um jantar na casa dela. Finalmente, conheço um grupo "maneiro". Marcamos para o dia seguinte uma festa de aniversário de uma amiga de um deles (Que era um gato, não a amiga que nem a vi, ele mesmo era um gato e daqueles com conversa, educação e tudo em cima.).

O que acontece? Ein, minha gente?

Crise de estômago no dia seguinte. O limão de uma, APENAS UMA, caipirinha deu para furar o meu delicado orgão e deixar-me de cama LOGO na Sexta e Sábado, precisamente os dois dias fortes para sair.

Depois? Depois, cházinho e torradas. Domingo, feriadão, o povão na praia e ninguém, NINGUÉM falou comigo. Não que necessite de atenção ou companhia mas uma viagem a sós, a não ser que vão para o Tibete, pede isso mesmo, conhecimentos, encontros. Ainda para mais é do Rio que se trata. Do sítio onde mais inflamei o ego.

Logo na segunda-feira, DIA EM QUE ME VIM EMBORA, sim, segunda-feira de manhã, em que andei no corre-corre, últimas reuniões, compras, últimos contactos e blá blá, sou abordada por não um, não dois, não três mas cinco, CINCO deuses do Olimpo, os quais sairam de cena de lágrimas nos olhos quando ouviram um "Vou-me embora hoje mesmo, daqui a duas horas e não tenho tempo nem para chope.".

Então o último, que me abordou na Osklen, meu Deus, foi feito e criado por ti, só pode!

Assim, aos bruxos dos meus amigos, aos sovinas que tanto conspiraram aproximações na minha viagem, obrigada por tanto zelo. Não tenho episódios para recordar nos meus momentos de patinho feio.
Cá voltei, intocada, imaculada e não prenha (Se bem que, com o inchaço do estômago, passo bem por uma.)

Ainda assim, sorri muito, retirei muito prazer daquelas comidas, da Bossa Nova, do calçadão e àgua de côco, das vistas, da natureza, do deslumbre de cidade, da simpatia do seu povo. De ser, por várias vezes, confundida com uma actriz qualquer e por isso ter tratamento vip em todo o lado que fosse e outras tantas pequenas e grandes coisas que me ficaram na pele. Mesmo não tendo sido beijada.
Desta vez posso mesmo perceber porque toda a gente que me conhece diz que aquela cidade é a minha cara. Que tudo nela me retrata e que é tão meu em tantas coisas porque, aparentemente, aos olhos de quem me conhece, tenho alma de carioca.

E não é que é mesmo?

13 comentários:

Jedi Master Atomic disse...

"Cá voltei, intocada, imaculada..."

Yeah right !!! Imaculada é o que tu és mais !!!

"Domingo, feriadão, o povão na praia e ninguém, NINGUÉM falou comigo"

Eu não devia ter que te perguntar isto mas olha lá. É preciso que alguem tenha a inicitativa para ir falar contigo. A menina não sabe levantar o rabinho jeitoso da toalha e ir meter conversa com uns deuses do olimpo???

Alexandra disse...

Já sabia que iam dizer isso!

A minha alma não é assim tão carioca e a serenidade da água de côco/sol/mar/gritos dos vendedores de Mate soube muito bem.

Miguel disse...

Peraí... então mas não e no Brasil que as mulheres são gatas e os homens são feios? Pelo menos foi o relato que me fizeram...

Ana disse...

Isso é, de facto, indecente... Começa tb a rogar pragas:)
Beijo

Alexandra disse...

Miguel,

O relato está errado. Também já mo fizeram. No Rio os homens são lindos, lindos. Elas também. No interior profundo, Baias, Recifes e afins é outra coisa.

Ana,

Não é nada o meu género. Vou é passar a andar calada!

Miguel disse...

Olha aí o follow up da passeata dos sem namorado: http://www.youtube.com/watch?v=MaaPzvsIIKE&feature=player_embedded

Alexandra, escapaste à beijoca?? :)

Mad disse...

Que crónica deliciosa :D

Alexandra disse...

Miguel,

Lindo! Escapei, escapei!

Mad,

E açucarada.

Mozka Tché Tché disse...

Mas então, se te sentes assim tão bem por lá, porque é que não pensas em saír daqui?
Solito, gatos, praia, chopes e fuscas.
Não me parece uma troca má, muito pelo contrário.
Já pensaste nisso?
Que lá poderias ser mais feliz?

Alexandra disse...

Ò meu Deus...

Será que terei mesmo que colocarno blogue(tal como referi no da Kitty Fane) a epígrafe "Leie, comente mas não aconselhe. Para isso procurarei um profissional."???

Mais feliz? Olha que lindo. Prezo saber que muito sabem da minha felicidade (em particular vocemecê que tão bem me conhece porque lê umas quantas coisas que largo aqui e ali) e das vantagens de largar a minha vida e os meus projectos para me mudar para um país só porque me senti lá bem durante uma semana, tem sol, praia e homens bonitos.

Sim, isso é que é um conselho e pêras.

O "Já pensaste nisso?
Que lá poderias ser mais feliz?" resultou numa forte gargalhada e merece a seguinte resposta:

"Caro Mozka, por acaso, não. Mas muito obrigada por me tornares mais iluminada e, agora sim, encontrar o caminho para a verdadeira felicidade. É que se não tivesses chamado à atenção, não daria nunca com ele"

Mozka Tché Tché disse...

Opá, peço muita desculpa.

ANDARILHO disse...

P´ra já aviso-te já que não gostas mais do Rio do que eu. O Rio, para mim, é a CIDADE!. Adoro!

Alexandra disse...

:-)