Foda-se!
Será que o rato era o João Ratão?
E foi justamente cair no meu caldeirão?
(Pensamento mais medroso: ...Será a Carochinha violenta?)
De que estão à espera?
O prazo já está a correr! É até ao dia 13 de Março!
Aiiii, mãe! Se eu não os aviso...
Os travesseiros de Sintra do Pingo Doce já estão cozinhados.
Lembrar disso quando os puser no microondas para aquecer.
Lembrar, sobretudo, quando os retirar e levar direitinhos à boca.
Nunca se sabe quando, na realidade, alguém está a criar uma seita.
Lembram-se disto?
Chego ao trabalho, determinada a ter um dia calmo.
Guardo o meu saco da dança, arrumo as coisas e relembro a esfregona.
Como é que hei-de explicar? Digamos que sou uma pessoa complicada com cheiros. Detecto odores diferentes à distância, melhor que um pastor alemão, treinado para encontrar droga numa fábrica de farinha. E sou esquisita. Muito!
Ontem detectei no armazém um cheiro diferente e algo desagradável. Funguei toda a àrea e conclui que vinha da esfregona. Conclui mesmo quando a retirei do balde, a funguei com força (muito mais do que necessário) e fiquei a ver estrelas, adiando o jantar para muitas horas mais tarde.
Achei estranho, por ainda há poucos dias a ter encharcado em detergente para chão com perfume floral. Quando digo encharcado, é literalmente. Qual diluir em àgua? Detergente purinho, cheiro a flores durante uma semana, chão reluzente e pronto e desinfectado até para uma refeição. Supostamente, a esfregona estava lavadita. Mas como já era tarde, deixei a tarefa para o dia seguinte.
Portanto, hoje, quando cheguei, alegre e pipilante por não ter apanhado uma gota de chuva pelo caminho, pousei as coisas, arrumei o saco de dança e fui directa à vassoura. Peguei na dita (que já tresandava) e lavei-a muito bem lavada, com tudo o que tinha direito, da lexívia ao detergente perfumado. É então que pego no balde, para tratamento semelhante.
E agora, é quando juro. Eu juro que não sou mulher para isto. Juro que não fui feita para isto.
No balde vislumbro algo de forma oval castanho. "Que estranho!" Chego o balde mais perto de luz melhor e é então que me apercebo da pequena forma peluda e molhada que era, nada mais, nada menos, que um rato afogado, morto, mal cheiroso.
Largo o balde, desato aos guinchos, enquanto faço uma espécie de dança tremelicante do nojo.
- Aiaiaiaiaiaaiaiaiiaiaiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Choramingo, grito para dentro (não vão os vizinhos ouvir), tremelico e saltito muito de um lado para o outro. Saio do armazém, fecho a porta. Inspiro fundo, pego no balde, sacudo-o para a sanita. Deixo-o lá e saio novamente a correr. Inspiro fundo, outra vez, regresso, bato no balde, qual tambor, para ter a certeza que oiço um "ploft" na àgua e puxo o autocolismo umas trinta vezes, sem exagero (Este mês, a conta da àgua vai ser tão linda...). Lavo o balde, a embalagem de lexívia inteira, a de detergente de seguida e vasculho tudo para ver se a Sra. rata não tinha vindo fazer companhia ao marido, juntamente com a plebe de ratinhos.
Não encontro nada, saio a correr, agarro o telefone.
- Paiiiiiiiiiiiiiiiii! Tenho um rato aquiiiiiiiiiiiiiiiii!
- O quê?
- Tinha um rato morto aquiiiiiiiiiiiiiii! No balde da limpezaaaaa!
- Mas que queres que faça? Não posso ir para aí! Combinamos logo à noite e já damos volta a tudo.
- Quero que compres veneno! Quilos de veneno! Quero as coisas das obras todas fora! Paiiiiiiiiii, deve ter entrado pela janela do armazém! Não podemos fechá-la com tijolos?
É aqui que digo que não fui feita para isto. Sou mulher para lidar com muitas coisas, para não temer muitos desafios e dificuldades, mas isto? Nem pensar!
Obviamente, já chamei uma equipa de desratização, que chega daqui a meia hora.
Ainda não tomei o pequeno-almoço e duvido muito se conseguirei sequer tocar no almoço.
Da minha secretária confortável, oiço de tempos a tempos pequenos ruídos vindos da porta. Quiçá, verdadeiros, quiçá imaginários. Tenho umas alegações de recurso e um contrato para fazer. Não sei como.
Depois disto tudo, só não me digam é que o Topogigio e o Ratatui são fofinhos!
Reparem bem, é irresistível.
O sorriso perfeito e terno, os olhos amendoados e brilhantes marejam esperança.
As palavras certas e seguras de alento.
Seria o conto de fadas perfeito.
O casamento, a valsa com ele a conduzir-me gentilmente, a olhar-me nos olhos e a sorrir. Aquele sorriso...
Depois... Depois,
A crise eliminada, as contas pagas, paz na vizinhança, fruta na mesa e despensa abastecida.
Eu também acredito no sonho.
Obama, faz-me um filho!
Assistimos a um crescimento desenfreado da blogosfera, que ditava uma liberdade de expressão muito mais vibrante que a da comunicação tradicional. Liberdade de expressão, quantidade e qualidade de informação, impressões.
Uns diziam até que seria o fim da comunicação social, dos livros, revistas e jornais como conhecemos até hoje.
Todavia, outros há, e muitos, que, desde cedo e há algum tempo, vaticinam o fim dos blogues.
Neste momento, começo a acreditar na veracidade desta previsão.
Eu própria passei por um encerramento que durou seis meses. Regressei e, salvaguardando devidamente as minhas vidas profissional e pessoal/emocional, dou por mim sem saber o que publicar. A considerar tudo banal, já escrito e repetido pelos milhares de blogues criados mundo fora. Se mudo o rumo, fico em casa alheia. Leite Condensado às colheradas (política? sociedade? economia mundial? sexo? poesia? literatura?...)
O meu regresso foi até doloroso.
Por diversas razões, uma das quais escassez de tempo, estive fora do meu e de todos os blogues que acompanhava. Ao regressar a estas janelas indiscretas, abruptamente verifiquei que, entretanto, várias encerraram. Que outros perderam o interesse, por estarem no mesmo marasmo que eu, isto é, ou publicam banalidades repetidas ou remetem-se ao silêncio, pontuado por uma música ou uma gracinha.
Não enchem os dedos de uma mão os blogues que realmente me satisfazem. Já foi o tempo que me perdia eternamente navegando de página em página. Hoje, se o faço, é por insatisfação.
Dou por mim na mesma encruzilhada que me vi há sete/oito meses atrás. Vejo até "colegas" que dizem ir mudar de nome de blogue por que este já não os/as satisfaz. Encaro isto com a mesma naturalidade. Crescemos, amadurecemos. A mudança faz parte da nossa vida e, geralmente, não a vejo com maus olhos. Todavia, parece errado desvirtuar este espaço que nos acompanha há alguns anos.
Da minha parte, tenho duas opções. Ou crio, paralelo a este, um novo blogue, com nome e objectivos diferentes, de preferência completamente anónimo, onde darei largas e espaço a tudo o que me apetece menos isto. (Este deixa de ter sentido... mas é o meu espaço...) Ou mantenho este, esventro a introdução do cabeçalho, doa a quem doer, esventro o título, o conteúdo e será como viver numa casa onde a decoração nada tem a ver connosco. Regressei a pensar nesta segunda hipótese. Ainda não cheguei lá.
Continuar assim, light, muito light, meio superficial, lá lá lá, não me parece opção.
Ainda assim, algo me diz que fazer isso é exactamente o que dita o fim dos blogues.
Não sentem exactamente o mesmo? Caminharemos todos para lá?
Terá a crise também chegado aos blogues?
P.S. - Não estou a ditar o fim do Leite Condensado. Isto é apenas um exercício de reflexão em voz alta do que se passa na blogosfera.
Pois que correu muito bem mas vim um tanto ou quanto desiludida.
Muito bem, uma vez que veio confirmar o fantástico professor que o Miguel é e o bem que nos prepara. Não só estivemos muito bem e nos aguentámos à bronca como superámos em muito vários profissionais(zecos).
Peço desculpa pelos "zecos" mas, foi a pensar assim que saí de lá.
Fiquei desiludida. Havia lá gente conhecida da televisão. Programas de dança. "La Férias". Gente que estuda dança profissionalmente. Mas, ali... Nada de garra, nada de ataque, tudo muito pequeno, técnica longe da perfeição...
Chegou ao ponto de ouvir várias vezes "Ahh... Vai tu para a frente!" Numa audição?? "Claro que vou!".
Estava à espera de pessoas que me desafiassem mais. O meu receio era estar muito deslocada mas isso desapareceu no primeiro momento em que toquei na barra e olhei à minha volta.
Ok, tinhamos a benesse de já conhecer o Miguel e saber que ele gosta das coisas feitas com garra, ataque. Gosta das coisas grandes. Bailarino não se encolhe, ergue o pescoço. Mas não é suposto ser assim? Aquela gente não sabe isso?
Enfim, acabou por ser menos difícil do que esperava. Duas horas divididas em ballet, contemporâneo e Jazz. Para uns, o ballet foi transcendente. (Eram exercícios da nossa aula normal...) Ainda exemplifiquei os chaines (fica prometida a publicação de um video com a execução deste exercício que adoro) que, modéstia à parte e, segundo o Miguel, sou uma mete-nojo.
No final, o Miguel pediu para ver novamente dançar nós as três e mais duas bailarinas.
Resultados ainda não temos, mas saí com a convicção de que, de facto, o Miguel é um excelente professor e que tive imensa sorte em ir parar àquela academia.
Hip hurray para o meu ego e para o Miguel...
*Festa de Natal 2008, The Phantom of the Opera - Masquerade Ball. Pássaro de Fogo, Ninfa e Sereia, nos seus melhores sorrisos. (Uma vez que, à hora da publicação deste post, muitas crianças podem aceder a este blogue, entendemos não publicar a parte de baixo das fotos. Agradecemos a sua compreensão e pedimos desculpas pelo incómodo.)
Amanhã tenho uma audição para bailarinos, que o famosíssimo (e excelente professor e coreógrafo) Miguel Vilhena vai fazer.
Alunos dele, em princípio, seremos quatro a tentar a sorte. Obviamente, todos instigados pelo professor. Amadores, ali no meio dos profissionais (Incho o peito de orgulho).
Medo?
Não. Vai ser divertido e qualquer resultado será excelente, contando que somos verdinhas, ainda a leite, e não temos formação profissional.
Pessoalmente, encaro como um desafio e como uma diversão. Quase, quase, nos trinta, estou na idade dos "porque não" e "não consigo é expressão proibida".
Neste momento estou a fazer o meu currículo de dança, que segue infra.
Não seria a minha primeira escolha mas fico muito honrada e enternecida com o presente. Eternamente comovida.
Por favor, enviem-me a vossa morada, a fim de retribuir com postais de agradecimento.
A foto... Só porque adoro estes dois. Sobretudo, a senhora. Tem um sorriso de boa pessoa e de quem ama a vida.
Bom fim-de-semana!
o meu mundo
cai por terra.
Na primeira noite do ano, fui sonhar logo com ele. Já não sonhava com ele há mais de ano e meio.
Sou sincera quando digo que não aguento mais. Não posso e sei que não posso pensar mais numa pessoa irreal. Não me faz bem. Não é salutar e não tenho forças. É ridículo. E, assim do nada, sem razão, sonho com ele. Daqueles sonhos que tinha há anos. Que me perturbavam. Porquê? Volta tudo novamente? Racionalmente, é tão ridículo que me apetece bater a mim própria. Sou presa de mim própria. Da estúpida imaginação, só o posso ver dessa forma. Eu não gosto daquilo que ele é. Abomina-me. Gosto de uma forma estúpida de gostar porque não percebo porque gosto. Gosto dele mas não o quero. Abomino-o. Alguém consegue perceber isto?
Depois estas recaídas quando menos espero deitam-me por terra. Dou-me por vencida. Esqueço-me de quem sou e de tudo o que quis para mim em criança. Não gosto de mim assim. Ando arrastada, ao sabor de tudo menos de mim. Juro que já não aguento mais.
Acordei a chorar de angústia e a prometer que se isto torna a acontecer jogo-me pela janela.