quinta-feira, dezembro 30, 2010

Ainda sobre o cão e porque já não há quem me ature no Facebook


A pensar que o sol poderia nascer no Natal, assim como um acto misericordioso, e como o meu pai teria férias nessa semana - perfeito para visitar os canis mais próximos ou ir buscar um patudo a Braga, Évora ou Setúbal - passei os dias a imaginar a chegada da pequena criatura a casa. O seu jeito tímido por não nos conhecer, as lágrimas de felicidade, todas elas minhas, a abraçar a minha mãe, a abraçar o meu pai, a abraçar até o meu irmão (porque o Natal é só uma vez por ano), a abraçar o bicho, o primeiro xixi no tapete Arraiolos preferido da minha mãe, tudo muito no melhor estilo dos anúncios publicitários dos anos oitenta.

E era feliz. Juro que era feliz assim. Volta e meia, lá imaginava toda a cena muito "o pai natal foi no comboio com o coelhinho (...)". Estivesse onde estivesse, fazia o favor de presentear os restantes passageiros do metro, os clientes, os amigos, até aquela parvalhona que não suporto (que não conhecem simplesmente porque não lhe dou essa importância), com o sorriso mais assustadoramente parvo e alegre que possam imaginar.

Era feliz sim, mas, entretanto, vieram os almoços de Natal dos amigos e colegas dos meus pais, os jantares de Natal dos amigos e colegas dos meus pais, os convívios aqui e ali, as compras e eu a ver o tempo a sumir, os dias muito preenchidos e ocupados e nada de cinco minutos para aqueles dois visitarem os ditos canis.

Então, resolvi recordá-los do que é o verdadeiro Natal. Relembrar que o Natal é tempo de compaixão, de ajudar o próximo e o afastado e, logicamente, salvar um bicho de ser abatido.

Assim, na manhã seguinte, porta da entrada, espelho do hall, espelhos dos quartos e casas de banho, portas de todas as divisões, gaveta dos talheres e frigorífico exibiam o espírito natalício, em formato de apelos, fotos de cães bébés, adultos, de todos os tamanhos cores e formatos e, naturalmente, contactos, muitos contactos, a fim de ver uma lagrimita a correr no rosto dos meus pais, comovidos e certos de que deveriam salvar um animal e trazer a alegria de volta para esta casa, desaparecida no dia em que o Reggae se finou, já lá vão seis saudosos meses.

Consciente de que ia ouvir das boas, assim como ouvi aos cinco anos, quando os meus pais encontraram sete cães "escondidos" (espalhados) pelo meu quarto, cozinha, terraço e garagem, recolhidos da rua, saí sorrateiramente, de fininho, pé ante pé, de rabo encolhido, deviam ser umas seis e meia da manhã, que já não sou parva e três semanas de castigo é demasiado.

Resumindo e concluindo, evidente que a semana que antecedeu o Natal foi bem mais intensiva do que os meses anteriores, sendo que, na minha casa e por meu meio, só entraram pessoas com muitos animais e histórias para contar e colegas do voluntariado. Até ração de presente recebi.

Atentem que, na véspera e no dia de Natal, a SIC transmitiu, se não estou em erro, cinco filmes com e sobre cães. Foi tão somente um sinal divino e luminoso que nos chegou via director de programação. Querem algo mais evidente?

Mas não, cá continuo, sem cão, a alugar os cães da rua que já só aceitam a comida mas não aguentam tanta festa, os cães dos amigos, enfim, até os gatos do meu professor de ballet aluguei, tendo passado o jantar do seu aniversário de roda dos bichos, enquanto os restantes convidados e amigos faziam o que é normal para uma pessoa da minha idade. Conversavam, conviviam e festejavam (e eu na cozinha, agarrada aos três gatos, quase a noite toda).

Se é deprimente?

É.

Bem vindos ao meu mundo.


Se o meu pai gosta de cães? Adora. Se o problema são só cócós, xixis, veterinário, paciência para ensiná-los? Por amor de deus, o Reggae era um penudo mínimo mas quando espirrava estava automaticamente na Ajuda. Depois, a saga dos medicamentos que tinham que ser administrados oralmente, através de uma seringa para o canto do bico e esperar que ele engolisse (E o bicho não era parvo. Via a seringa e esperneava, escondia a cabeça na minha mão, que não podia soltá-lo mas também não podia sufocá-lo.). Fora as sementes descascadas, dadas uma a uma, a ver se ele comia verdadeiramente, uma vez que ganhou o hábito de fingir que comia, quando ficava doente. Enfim, provas não são precisas. O penudo assobiava o Verão azul, dizia o seu nome, obedecia a tudo e usava o meu nariz como heliporto. Aquilo é só teimosia do meu pai. O meu pai foi educado a entender que o lugar dos cães é num quintal e não dentro de casa. Eu fui educada a respeitar os meus pais. Tal como fui educada a não desistir.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

terça-feira, dezembro 28, 2010

Pensando melhor


Nunca liguei aos saldos.



(Pode ser que a moda pegue, os preços ridículos desapareçam e a economia ressuscite.)

Hoje começam os saldos!


E eu não vou.

Oferta de um look "ressuscita-me por favor" para quem adivinhar porquê.

Dos sonhos


Nos últimos meses, sonho frequentemente com o Reggae, sonho com cães, até sonho com papagaios e o jardim zoológico que aparecer.

Hoje sonhei com tudo isso e com vírus no computador.

Do Penudo



Sinto a tua falta, pá!

domingo, dezembro 26, 2010

Que grande treta


É o Natal.

Não venham cá com coisas.

É que nem quero saber.

Lá, lá, lá, láááá... Não estou a ouvir-vos.

Para quê tanta admiração?

Simples.

Basicamente não recebi um cão.

Era só isso.

Tão fácil.

Um cão.

Não era difícil!

Tudo o resto é acessório. Para que quero bugigangas, doces ou mais uma peça de roupa a juntar às 89688547483939393845575686994933838 que tenho?

Recebi?

Claro que não!

E tive um ano de merda! Custaria muito oferecerem-me um canito bébé ou idoso, perneta, cegueta, diabético ou o que fosse? Dos abandonados? Dos que estão para abater e ninguém quer saber?

Não sou esquisita!

Mas não.

Era tão simples.

Seria feliz com algo tão simples.

Portanto, por muitos esforços que tenha feito durante, desculpem-me, a porcaria (obviamente, ia dizer outra coisa) do ano, nada.

Enfim.

O Natal é uma merda e quem não pede Ipads, Blackberrys, Louboutins ou Chanel 2.55 está fodido.

Aos queridos (amigos),

Aos que, mais uma vez, ousarem apontar que este não é texto para uma advogada de trinta e um anos, cuidado com o sapatinho natalício que voa certeiro em direcção a vocês. Abram os olhos. Olhem à vossa volta. Não vou mudar. Realmente, não sei por onde têm andado nestes últimos quatro anos e meio. Não é que isto daria uma belíssima canção? Não fosse a voz de cana rachada e estaria a vestir o maillot de brilhantes. Oh Well... Sempre posso dançar. Venha o maillot!

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Estraga-surpresas / Corta-baratos


E o presente que todos os homens de Portugal receberão este Natal será.... (Rufar dos tambores)














Um cachecol. */**

*A contar com a quantidade de lojas que varri e não tendo encontrado nada de jeito, diga-se nada mesmo porque mais facilmente encontraria fatos de banho do que cachecóis. Os dois que ainda encontrei com mínimo ar (Mas, atenção, simples, comuns, corriqueiros, daqueles que andam em todos os pescoços e sequer fazem a toilette e muito menos o homem.) custavam apenas € 74, 80 e € 102, 90, respectivamente, sendo que sequer eram de cashmira. Nunca na vida!

** Nenhum deles era o da foto. Da foto, apenas seria o homem.

Mês e meio volvidos e dois posts seguidos sobre roupa. Está bonito, sim.