terça-feira, abril 22, 2008

Angel eyes


Ao que parece, anda por aí muito moço preocupado com as minhas férias.

Amigos, admiradores, fãs, eles enviam emails, eles enviam sms, eles telefonam.

-Vais de férias? Bem mereces! Ahhh, mas não dês muita confiança aos brasileiros... (ou então) Diverte-te mas porta-te bem! (ou esta versão que é um rejubilo, um petit four marveilleuse) É pena que os homens brasileiros sejam feios e canastrões, mas aproveita lá as praias...

Conversa, puxa conversa, vão todos dar ao mesmo.

É assente.

Está tudo preocupado que eu encontre por lá "O namorado".

Que eu perca as minhas virtudes angelicais. Entregue a auréola e me dedique aos prazeres da carne.

Sem razão.

Nenhuma razão.

Basta pôr os olhos nas nativas e em mim para saber que não tenho qualquer hipótese.

Vejamos.

- Coxa grossa. Nada, para mal dos meus pecados. Pernitas fininhas adornadas com um ou outro músculo envergonhado, mas nada que encha as vistas (ou as mãos).

- Sacanice. Não. Quer dizer, não a delas. Rodar a baiana não é o meu forte. Mulher sacana, só mesmo na cama.

- Samba. Pode vir o swing baiano, a lambada que eu adoro e faço figura, mas samba, não sei porquê, não é a minha praia. Não sai natural e não me pinta a alma.

- Bunda. Tenho isso e escapa. Quer dizer. Um pouquito. Um bocadinhito. Mas não é "a bunda". A bunda gigante.

- Silicone. Sim, silicone. Num corpo "sarado". Hoje em dia, encontrar gata no Rio que não tenha é como andar a escolher mosquitos "dengue free".

E depois, caros amigos, vem a dita.

Aquela característica que é automaticamente eliminatória e que os homens brasileiros tanto prezam.

"A MARQUINHA".

Eu não tenho a marquinha.

Logo, despreocupem-se.

Qualquer hipótese de me envolver com um carioca ou baiano é nula.

Agora, um tuga desterrado, um australiano, um milanês ou outro viajante oriúndo de sítio apetitoso, amante de surf e praia que me escolha para embalar, é outra conversa.

Queriam o quê?

domingo, abril 20, 2008

So long, farewell, auf wiedersehen, goodbye... (nem a propósito!)

Águas de côco do meu calçadão, marcas escandalosas dos meus biquinis, caipirinhas que fazem as minhas ancas jingar,

Para me despedir de todos.

Ontem, antes do ensaio, a aula de ballet contou com esta música, em piano.

Depois deste guloso momento de movimentos alongados e elegantes, o ensaio foi coisa para me deixar hoje sem me mexer e completamente aterrorizada.
A coreografia do Jazz 2 longe de estar terminada. Aquelas novas partes do chão são fatídicas e deixaram os meus joelhos a chorar (e o coração, pois se falha alguma coisa ali, é um desastre). Falta ainda a coreografia do Jazz 1 (Diz-se que é disco... blerghh). Já falam de ballet também.
O espetáculo é 31 de Maio. Eu vou estar duas semanas fora...
(Pensa em areia, pensa em areia, pensa em areia...)
Beijinhos e boas férias de mim!

X.

quinta-feira, abril 17, 2008

As bifas


Desde Fevereiro que a aula de Jazz de segunda-feira conta com a presença de duas inglesas.

Uma magrinha de nariz empinado, com a pele a tresandar a solário, e outra muito pálida, tipo lula da Nazaré, insonsa, inexpressiva.

A desenvoltura das moças chamou logo à atenção e eu tentei conter a pontinha de ciúme pelo facto dos olhos do professor brilharem mais com o desempenho delas do que com o meu, nas diagonais.

Se a minha primeira descrição das moças parece menos simpática, garanto que foi a primeira impressão.

A seguinte foi bem pior.

Pois que, desde a primeira aparição da aula, as moças não têm feito mais nada senão gozar com os restantes colegas. Com o nosso desempenho, os nossos desequilíbrios, a teima na falta de flexibilidade de alguns. Cochicham, passam o tempo com risinhos irritantes e trocistas. São más colegas, atropelam os outros e, se vêm alguém que lhes faça frente nos movimentos, não hesitam em empurrar a pessoa nas diagonais e na coreografia.

Verdadeiras bullys da dança, é o que vos digo.

Ora, descobrimos que estas meninas são bailarinas de profissão. Tcharannnnn… Bailarinas do Casino de Lisboa. Isto é, ditas profissionais a gozarem com pessoas que não o são. Que estão ali em part (muito part)-time, mas com um amor à dança inabalável.

Concedo que não somos nenhuns Barishnikovs nem Zakharovas. Mas elas também muito longe disso. Na verdade, é que se as pernas batem na cabeça nos grands battemends, na coreografia não podiam ser mais quadradas.


Ontem a Ellen fartou-se de me pisar na coreo.

Ia contra mim, ocupava o meu espaço, colocava-se deliberadamente à minha frente, ocultando o meu campo de visão no espelho.

A minha paciência a esfumar-se.

Ela, de nariz empinado, continua a provocar-me.

Até que não aguentei.

Saí sorrateiramente do meio do estúdio. Fui até ao canto, com o pretexto de beber água.

Todos distraídos com as indicações do professor.

Retirei da mala um lenço de papel e assoei-me.

Assoei a alma, as entranhas e todo o muco amarelo-esverdeado e pegajoso que podia existir dentro de mim.

Depois, certificando-me que ninguém assistia, angelicamente coloquei o lenço bem aberto, com a parte suja para cima, dentro da mala da bifa.

Em pézinhos de lã, voltei ao meu lugar e dancei. Sorridente. Coordenada. Uma pluma airosa e inocente.

Relembro os colégios, as boas notas, os anos de faculdade culminados numa benção das fitas esplendorosa. A aprovação com distinção no exame da Ordem.

Agradecida pelo grande cerebrozinho que os meus pais dedicaram mundos e fundos a criar.

Como convencer os homens a dançar

segunda-feira, abril 14, 2008

Apelo à blogolândia para lhes fazer esperas, torturas cocejadas ou de convívio com chulé

Aqui há uns bons tempos anunciei-vos que iriam ver nesta chafarica outros textos de amigos que considero serem possuidores de uma veia prosaica.

Até hoje, e a muito custo, só recebi um texto do Hugo.

De resto, nem ver migalhinhas de broa de milho de há dez dias espalhadas pelo quintal da casa da minha avó e desprezadas pelo pardal Tobias.

E eu desespero. Peço, repeço, suplico, pedincho. Com graça, com imaginação, com classe, com humilhação.

Tentei de tudo.

Fui chata.

Correcção. Fui muito chata.

De ficar sem curvas e de me candidatar a panqueca.

De me pôr a mim a escrever à bruta.

E a eles, nada.

Prometi bolos, ondas, brincos e lugares no céu.

Quase vendi a alma ao diabo.

Só não o fiz porque sou uma menina ajuizada.

E pelo bem. Magia branca e bons pensamentos para todos. O que está a ser difícil.

Imagino-me a perseguir a Sofes de motoserra Carolina Herrera A destruir-lhe as malas (os sapatos sou incapaz).

A usar os CD's de jazz da Sónia como espanta-espíritos na porta do moinho, no Alentejo.

A apunhalar a prancha do Cassi. E a decorá-la com pedaços de malas LV, intercalados com CD's queimados pelo Sol.

A oferecê-la depois a um senhor muito gay e pouco viril, com queda para jogadores de rugby.

A vender os telemóveis da Sofes a uma pindérica que fale muito alto e sem maneiras.

E alugar uns holofotes gigantes para apontar à Sónia nas aulas de step. Com senhor de micro a chamar a atenção para ela.

Está difícil. Assim, não vão aceitar a mim no céu.

Terei de viver uma nova vida reencarnada. A conviver com a minha alma gémea que continuará a procurar a mulher que fui no passado. Confusa, porque não me reconhece.

Caramba!

Já chega de castigos. Escrevam lá os textos, por favor.

domingo, abril 13, 2008

Diz que é uma espécie de espetáculo


(Voz alta e autoritária, que nos apaga, a cada palavra, o rubor do rosto)

"Antes de abrir as hostes, Alhinho, Marta e Plantier o que é que estiveram a fazer na sexta-feira para não nos brindarem com a vossa presença??"

(coro desanimado)

"A trabalhar..."

(silêncio do professor, a engolir sapos, porque afinal não fora preterido por um cinema, um jantar à luz das velas ou um chá galhoférico)

"Oiçam-me bem porque só o vou dizer uma vez.

A partir do próximo Sábado, até ao mês de Junho, não quero ouvir falar em trabalho, estudo, namorados, amigos, praia, seja o que for. Não há desculpas!

Vão passar os Sábados aqui até às 18 horas e os Domingos de manhã. Se quiserem ir à praia, vão no Domingo à tarde.

Não quero ouvir Miguel, eu não posso, eu não consigo, eu não sei, eu não tenho jeito. Ouviram?

E se resolverem faltar, entendam-se como grupo porque não posso ter um dia uns e outro outros. Vocês como grupo entendam-se, controlem-se uns aos outros e vejam o que é melhor. Eu não quero saber. Só os quero todos aqui a dar o litro e a esquecer as dores e o cansaço."

Encolho o rabinho e dirijo-me ao professor.

"Miguel, eu não estou cá de 28 de Abril a 11 de Maio, vou para o Brasil. Já não tenho férias há anos..."

"Está bem, tu apanhas facilmente. Mas concentra-te em apanhares a coreografia toda até ao final do mês. Tens até ao final do mês! Vais para fora mas levas a música e ensaias. Ah, é verdade, tu vais fazer duas coreografias."

"Duas, Miguel??!"

"Sim, duas."

(M****)

quinta-feira, abril 10, 2008

A woman needs a men like a fish needs a bicycle

Está-me cá a parecer que este ano vou arranjar um namorado.

Que vou abdicar da minha super independência. Do nariz posso, faço e mando e abrirei os ouvidos a alguém com um sorriso.

Que vou aceitar intromissões. Opiniões. Sugestões.

Ciúmes.

Que vou partilhar.

Que vou gostar.

Que me vai fazer faltar a aulas de dança.

E ainda assim gostar.

Que vou aprender a adorar as coisas que não gosto só porque ele acha graça. (E descobrir que até têm mesmo graça e não vou gostar apenas por favor.)

Está-me cá a parecer que este ano vou finalmente (voltar a) amar.

À séria. A quente.

Que vou querer alguém complicado, que me custará a desvendar. Que me dará cabo do juízo por não o perceber. Que me dará trabalho mas que com a maior simplicidade me abraçará com força quando for preciso.

E que eu vou abraçar sempre e quando ele queira.

Está-me a parecer que sim.

Só ainda não sei quem.

Mas já é um começo.

terça-feira, abril 08, 2008

Eat Now?

Ora bem.

Sábado foi o meu aniversário.
Jantareco, comemorado com alguns (não muitos excessos).

A saída tardia foi substituída por tardia converseta no carro até à madrugada. Mulheres…

Domingo, oito horas da manhã, completamente de rastos, abro a pestana com os chilreados das andorinhas que habitam o cimo da minha janela.

Obviamente, sem conseguir dormir mais um segundo, pois vai-se lá enganar o meu organismo e dizer que deveria descansar de manhã. Se o sol já acordou, mal ou bem, o corpo também.

Levanto-me, engulo duas fatias enormes de bolo de anos, que sobrou imenso. De chocolate com recheio de doce de leite. Façam três fatias, para não enganar os leitores. Mais as migalhas perdidas no prato, que depeniquei. E a extensa cobertura de massapão, os holofotes (sim, o meu bolo tinha holofotes). Só não comi os bonecos porque foram alvo de brincadeiras no jantar. Das sádicas. Num instante fiquei com corpo de mulato e perneta. Esparregata de só uma perna.

Nem dá para me escapar para o ginásio. Provavelmente tropeçaria nos pesos e o almoço de família estava mais do que combinado.

Restaurante: Japonês. Os meus pais, virgens de sushi. Vamos àquele no Odivelas Parque, que é barato e é à descrição.

Devoro vinte e três pratos de sushi, alambazadamente embebido em molho de soja e muito, muito, wasabi, devidamente empurrado com copos e copos de saquê.

- Isso é forte? – Pergunta a minha mãe?

- Nã… Mas não vais gostar…

Completamente empanturrada, sem espaço para o mais ínfimo rebento de soja, termino a refeição com uma careta e um ostensivo arroto de aprovação. Volto atrás na decisão e engulo ainda dois pudins, um de manga, outro de chocolate. Só para provar.

Rebolo pelo centro e torço o nariz à possibilidade de experimentar uma camisola vergonhosamente justa que a minha mãe insiste em oferecer.

Chegada a casa, decido merecer uma sobremesa. Uma fatia finíssima de bolo, pela vergonha. Mais uma. Mais uma… e meia… Dez centímetros de fatias fininhas, foi só um pouco para provar.

Caio no sofá e ronco até acordar o aborígene que mora em Melbourne.

Agora o pior.

Alguém me explique, que eu não percebo.

Alguém que me explique porque razão vou sonhar que a menina samurai do Kill Bill, versão made in sugar, corre atrás de mim, de sabre em riste, a gritar "essa camisola é minha.

Inimiga enjoativa que, após corridas de terror, venço com uma dentada que lhe arranca a cabeça. Mastigo. Engulo. Adeus Uma Thurman.

De seguida, o seu elegante corpo açucarado transforma-se em dez empregadas de loja com braços de massapão e pernas de sashimi que insistem "Experimente esta! O xs! Experimente o xs".
Todas aniquiladas, abocanhadas com dentadas ruidosas e certeiras, ficam manetas, ficam pernetas, de pescoço de açúcar ao léu.

A sério que não percebo porque tenho estes sonhos.

domingo, abril 06, 2008

Eu sei que vou te amar (Ler, novamente, com pronúncia de novela, em jeito de canção) II


Quando me levares ao ballet e à ópera.

A sério, que vou.

Mesmo que ronques despudoradamente, de boca aberta, durante todo o espetáculo.

Possivelmente, irei fingir que não te conheço.

Chamar o segurança ou encher a tua boca de creme depilatório.

Mas vou amar-te muito.

Corações.

Corações saltitantes, trespassados pelas flechas do cupido, a esvoaçarem à minha volta.

Eu sei que vou te amar... (Ler com pronúncia macarronicamente brasileira) I

Quando deixares as peúgas espalhadas pela casa.

Quer dizer, não vou.

Provavelmente incinerarei as mesmas juntamente com aquele pullover horroroso oferecido pela tua mãe.

Mas é mais bonitinho dizer assim. E pensares assim.

Auréolas.

Muitas auréolas à volta desta cabecinha linda.

Big Brother - I am watching you - Naaa! São os fãs do Leite Condensado que se espalham pelo mundo e capelinhas


A foto do senhor Bush postada infra, tem -me valendo inesperadas visitas de certas entidades.


É o que me diz o preciso sitemeeter.


MEDO?

Falando mais a sério e correndo o risco de me tornar repetitiva nos últimos posts

Escrevi aqui sobre a dicotomia arte e desporto na dança.

A Clarinha enviou-me este vídeo no meu aniversário e não resisti à provocação.

Acrobática e ballet. Explendoroso. Terminei de assistir em lágrimas.

A discussão ainda vai longe de ser terminada mas o critério mais consensual de distinção se a dança é arte ou desporto é o factor competição e prize money.

Mas, olhando para o vídeo.

Retirem a acrobática e fixem-se no ballet.

Nos arabesques, nas pontas, nas attitudes, nas pirouettes.

Abstraiam-se da leveza e da delicadeza.

Melhor, pensem no vosso corpo e no que será preciso fazer fisicamente para conseguir aquela execução. Experimentem.

Contracção muscular e a força. Não é novidade. Já o repeti aqui diversas vezes.

Todos esses passos, todos esses movimentos, à vista tão graciosos, são conseguidos à custa da combinação explosiva “prática, prática, prática, suor e capacidade de sofrimento”. Daqueles cem por cento de ballet, noventa e muitos não são mais do que isso. O restante, a expressão artística, chega muito depois.

Depois da técnica.

A expressão não é mais do que o amor pelo que se faz.
Podemos dizer que é muito mais sublime. Mas não é mais do que ultrapassar os nossos limites.
Físicos e psicológicos.

Agora, a todos os desportistas que passeiam por aqui, distingam-me.

Qual foi a parte desta descrição que não encaixam na modalidade que praticam?
Qual a diferença entre uma Zakharova e uma Naide Gomes?

O video fala por si.