Era o meu irmão.
A mamã do menino, que no ginásio mal se esforça para subir para a passadeira e acenar à àguia Vitória, corre a casa de ponta a ponta.
Da cozinha à sala, ansiosa, a borboleta voa.
Perante o meu ar incrédulo.
- Deve ser o teu irmão! - Grita de felicidade.
A borboleta dá no Red Bull, só pode.
Agarra sofregamente o telemóvel.
Quase esbarrando no sofá.
Põe o aparelho em alta voz.
- Então, filho? Muitos mergulhos?
- Ahh, sim... Ó Mãe, tenho andado aflito dos pés. Ando com uma comichão... Só consigo usar chinelos.
Encostadíssima na ombreira da porta, viro-me para trás para a minha mãe não perceber a risota.
Agarrada à barriga, quase caio ao chão de imaginar a cena e tanto rir.
- Deves ter apanhado um fungo. Vai já ao médico! Ao hospital ou ao centro de saúde. Tens de ir ao médico antes que isso piore! Uma vez, uma colega minh...
- Já fui, mãe!
- E então?
- Primeiro, o médico andou às aranhas. Fez exames, pediu para voltar lá no dia seguinte.
- E então? Tu vê lá, se precisares de alguma coisa, liga à tua tia Bia! Que será isso? Raio da poluição nas praias! E as pessoas são porcas, atiram tudo para o chã...
- Calma! Só sei que vou ter que fazer mais testes. Os médicos não fazem ideia do que se trata. Dizem que não parece ser perigoso mas vou ter que passar os restantes dias das férias, no hospital, a fazer mais exames e em observação.
- Ai o meu filhinho! Vê lá! A mãe apanha o próximo autocarro e está aí em poucas horas. Queres que te leve uma canjinha?
- Ó mãe não é necessário, está aqui a Rita e, de certeza, que não é nada!
- Ai, mas que apoquentação! Eu vou já para aí!
Coitada da minha mãe. Apanhada no meio da beligerância, civil seriamente atingida por um estilhaço de um morteiro.
Ainda entro na sala, tentada a repor a verdade.
Fito a progenitora.
Imagino a subida do sobrolho da matriarca, seguida do já conhecido olhar castigador.
O meu sorriso amarelo "Estou lixada!" Sorrateiramente, virar as costas para sair mansinha, pé ante pé, para pegar na mochila e emigrar para o Cazaquistão...
Abrir a porta da rua...
"MARIA ALEXANDRA!!!!???? Onde julgas que vais??? Anda cá, temos muito que falar!!! MARIA ALEXANDRA???"
Nunca mais ser encontrada, viver incógnita e escrever-vos via wirelless, no meio de nenhures no planalto desértico, acompanhada de de um bode e do Reggae, que assobiaria o "Verão Azul" em troca de tenges.
Repor a verdade?
Já diz a sabedoria popular,
"Mais perto estão os dentes que os parentes"...