sexta-feira, maio 29, 2009

O meu bodystocking chegou!

É precisamente este modelo.

Agora, com V. licença, vou ali chorar e já volto.

O meu dia pela óptica dos pés III


Oncinha veraneando.


Center Stage e Cell Block Tango

(Sim, o tapete está de volta.)

quinta-feira, maio 28, 2009

Tango em celas


Como já havia referido, uma das trezentas coreografias que apresentaremos no dia 3 de Julho é o Cell Block Tango.

Ora bem, sim, vou novamente falar de figurinos.

Quem viu o Chicago e conhece a famosa cena do filme sabe perfeitamente que o figurino é bastante reduzido e provocante.

Já nem vou argumentar o que quer que seja. A personagem obriga a isso e depois do que temos ensaiado, uma peça reduzida não me choca ou ruboresce de todo.

Calhou-me um triquini preto que, angelicamente julguei que seria usado com uma pequena saia ou uns calçonitos. Engano meu. Meias de rede ou um bodystocking de rede.

- Onde é que eu encontro isso?

- Olha, sabes onde encontras bem? Nas sexshops!- Replica o meu professor no gozo.

- Mas esses dão? Não têm aberturas em baixo?

Risada geral.

- Se for preciso, coses.

Desde então, tenho andado distraída. Concentrada e muito ocupada.

A percorrer páginas e páginas de lojas online da especialidade (leia-se sexshops).

Já vi dezenas de modelos, poucos perto do que se pretende.

A maior dificuldade prende-se mesmo com o facto desses bodystockings ou catsuits terem aberturas a mais e em sítios que não só não necessito, como também não são nada convenientes para mostrar em palco. Os que não têm, não são o modelo pretendido.

Escusado será dizer que ainda tentei demover o coreógrafo e substituir a "rede" por uma licra preta semi-opaca. Em vão.

No mínimo, é um figurino fofo.

Coisa gira, esta da dança. À sua conta, damos por nós e estamos a assimilar sites com recomendações pornô.

Graças a Deus, sou profissional liberal e uso o meu computador pessoal.

Se estivesse numa empresa, bateria os records de sexshops visitadas.

O que constaria lindamente ao lado da recomendação para promoção no final do ano.

"A Dra. Alexandra resolveu não sei quantos casos, fechou outros tantos contratos e recuperou muitos valores em dívida. Safou um dos administradores de uma coima pesada e outro da prisão. Tudo enquanto visitava duas sexshops online por minuto."

Não me queixo, não se preocupem. De todo!

Tenho entretido-me verdadeiramente. Aprendido. Descoberto coisas novas.

Inclusivamente, que já existem vibradores que vibram de acordo com a música do Ipod.

Que interessante deverá ser uma sessão dessas, ritmadas e coordenadas. Ainda dizem que há músicas que ficam na mente. Diria mais, outras há que ficam no corpo.

Artigos e mais artigos, uns bizarros, outros uma verdadeira delícia. Quão conhecedora que estou. Afigura-se até um negócio rentável, quiçá um novo investimento.

Entretanto, lá descobri o perfect bodystocking (infelizmente com abertura) e efectuei a encomenda.

Nas observações, deixei um "Pela vossa vidinha, enviem em embalagem discreta, com informações discretas! Tenho vizinhas velhotas e oferecidas à coscuvelhice."

Excusado será referir que excedi-me um pouco e acrescentei outra parafenália de artigos ao bodystocking. O namorado irá certamente apreciar.

Contemplei ainda uma amiga, que brevemente fará anos, com uns artigos apimentados.Nós, mulheres, temos que ser umas para as outras.

Aguardo ansiosamente pela chegada do pacote.

Entretanto, por uma questão de precaução, já risquei a maior parte da minha família da lista de convidados.

A derradeira coisa que desejo é, nos meses seguintes, ouvir impropérios como "És advogada e tens uma imagem a zelar. Como é que foste andar naqueles preparos?"

Não obrigada.

Família e amigos, na lista de convidados, só gente mais nova e com uma mente aberta.

E pouco julgadora.
Quiçá até amnésica.

sexta-feira, maio 22, 2009

Calçadão/Bossa Nova/Beijos/Açaí com banana/Temakeria


Eu adoro os meus amigos homens. E adoro ter amigos homens.

Não me interpretem mal, tenho imensas amigas e existem coisas que só se partilham e fazem com mulheres (as amigas da dança, então, são o máximo) mas acho um piadão aos amigos homens.

Evidente que amigos, amigos, daqueles que durmo ao seu lado como quem dorme com uma irmã, que assistem às minhas olheiras, ramelas e choros são pouquíssimos, dois, pronto, um daqueles de aço inoxidável e inquebrável que me acompanha desde que me descobri.

Isto para introduzir o seguinte: os meus amigos homens "adoraram" o facto de ir para o Rio sozinha. Ai, que vais ser assediada, ai que não te vão deixar em paz, vem um matulão e leva-te e outros mimos do género foi o que mais ouvi na semana anterior à viagem. A mesma lenga-lenga do ano passado, com a matiz de em vez de ir com a bifa, vou sozinha.

Simplesmente, encontro-lhes piada porque entre as graçolas e brincadeiras deixam escapar uma certa possessividade e temor de perderem aquilo que realmente não têm. É típico de homem, animal até e, na medida certa, adorável.

Um deles, melhor, nem posso dizer que seja meu amigo, é quanto muito um conhecido/com amigos em comum/ possível futuro flirt/ possível futuro qualquer coisa, incluindo um "afinal és uma saloia e eu sou um pedante", como dizia, um deles por várias vezes me disse "Vais beijar tanto! Tu diverte-te mas não voltes de lá prenha! (Acreditem que isto no contexto certo tem muita piada.) (Ai que estou feita porque ele lê isto...)

Ora bem, vou confessar aqui uma coisa que nunca confessei a ninguém.

Geralmente, tenho o meu quanto baste de assédio, é verdade e não vou negar ou mascarar-me de ingénua ou falsa modesta. No entanto, nunca, repito, NUNCA fui tão assediada na minha vida como fui nas duas semanas no ano passado naquela cidade.

Aquela cidade levou o meu ego ao Olimpo e tais momentos deveriam ter sido gravados e guardados para abrir nos períodos de Bridget.

Portanto, quando parti, obviamente que já ia com essa expectativa, antes com as favas contadas, algum receio, ainda assim seria definitivamente um plus para conhecer gente e não passar os dias abandonada no areal ou no Temaki Mania.

Agora, é exactamente aqui que quero chegar.

Não sei o que andaram a fazer. Se rezaram em conjunto, prometeram mundos e fundos à Nossa Senhora de Fátima, se fizeram irmandades, sacrificaram galinhas, o que for.

Diz "O Segredo" que o poder do pensamento e do desejo é tudo, pois bem, muito provavelmente, à conta destes ardilosos, consegui ter a viagem mais suis generis da minha vida.

Passei muito bem por carioca, garota de Ipanema, amei todos os segundos lá passados.

Assédio, paquera, gato que vê gata e mete conversa foi a coisa mais surreal.

Sim, porque na primeira hora que coloquei os pés na areia, tive um gato que me paquerou, quis levar para a sua casa e cuidar de mim até ao final da vida. Com ar completamente alucinado que deixou escapar "Se eu vou para casa, começo a beber e não consigo parar." (Foi aí que levei a sério o "até ao final da vida", sendo que a minha seria muito curta nas mãos dele.)

Depois de me escapar desse e pronta para alguém mais saudável de ideias, NEM UM. Mas nem um mesmo! Nem um olhar na rua, nem um mete-conversa na lanchonete, nem um faz-de-conta que não sou de cá e pergunto-te onde é mais legal para sair.

Quinta-feira à noite, vou beber uns copos com uns amigos de uma amiga, depois de um jantar na casa dela. Finalmente, conheço um grupo "maneiro". Marcamos para o dia seguinte uma festa de aniversário de uma amiga de um deles (Que era um gato, não a amiga que nem a vi, ele mesmo era um gato e daqueles com conversa, educação e tudo em cima.).

O que acontece? Ein, minha gente?

Crise de estômago no dia seguinte. O limão de uma, APENAS UMA, caipirinha deu para furar o meu delicado orgão e deixar-me de cama LOGO na Sexta e Sábado, precisamente os dois dias fortes para sair.

Depois? Depois, cházinho e torradas. Domingo, feriadão, o povão na praia e ninguém, NINGUÉM falou comigo. Não que necessite de atenção ou companhia mas uma viagem a sós, a não ser que vão para o Tibete, pede isso mesmo, conhecimentos, encontros. Ainda para mais é do Rio que se trata. Do sítio onde mais inflamei o ego.

Logo na segunda-feira, DIA EM QUE ME VIM EMBORA, sim, segunda-feira de manhã, em que andei no corre-corre, últimas reuniões, compras, últimos contactos e blá blá, sou abordada por não um, não dois, não três mas cinco, CINCO deuses do Olimpo, os quais sairam de cena de lágrimas nos olhos quando ouviram um "Vou-me embora hoje mesmo, daqui a duas horas e não tenho tempo nem para chope.".

Então o último, que me abordou na Osklen, meu Deus, foi feito e criado por ti, só pode!

Assim, aos bruxos dos meus amigos, aos sovinas que tanto conspiraram aproximações na minha viagem, obrigada por tanto zelo. Não tenho episódios para recordar nos meus momentos de patinho feio.
Cá voltei, intocada, imaculada e não prenha (Se bem que, com o inchaço do estômago, passo bem por uma.)

Ainda assim, sorri muito, retirei muito prazer daquelas comidas, da Bossa Nova, do calçadão e àgua de côco, das vistas, da natureza, do deslumbre de cidade, da simpatia do seu povo. De ser, por várias vezes, confundida com uma actriz qualquer e por isso ter tratamento vip em todo o lado que fosse e outras tantas pequenas e grandes coisas que me ficaram na pele. Mesmo não tendo sido beijada.
Desta vez posso mesmo perceber porque toda a gente que me conhece diz que aquela cidade é a minha cara. Que tudo nela me retrata e que é tão meu em tantas coisas porque, aparentemente, aos olhos de quem me conhece, tenho alma de carioca.

E não é que é mesmo?

quinta-feira, maio 21, 2009

Será que se mudar o título para "Leite Moça às Colheradas"

Consigo explicar tudo o que gravita na minha alma?





Estou tão cá mas tão lá


Hoje, o despertador tocou às sete horas e, durante cinco minutos, tentei perceber o que era exactamente aquela música.

Se era uma ideia, um seguimento de raciocínio ou, simplesmente, uma forma peculiar e extemporânea de Deus mostrar-me a luz.

Às sete de cá, lá são três da manhã.

sábado, maio 16, 2009

Eu só quero saber

Qual das alminhas mentecaptas rogou-me uma praga de três dias de chuva.
A sério.
É suposto passar o dia inteiro na esplanada a enfrascar-me em caipirinhas? E a conhecer garotos de Ipanema?
É que nem o meu fígado nem a minha agenda aguentam.

sexta-feira, maio 08, 2009

Previsões


Tenho um medo que me pelo das ciganas.

Não é racismo. É medo mesmo.

Por mais habituada que esteja à sua presença, desde os tempos em que visitava as feiras no Alentejo, vejo uma e atravesso para o outro lado da estrada.

Aqui há uns dias, alí mesmo ao pé do Marquês, sou abordada por uma, com intenções de me ler a sina.

Recusei veentemente e dei corda às pernas, não fosse ficar sem os euros que tinha na carteira, os brincos que trago nas orelhas e os cabelos que trago na cabeça, por estorquimento emocional.

Enquanto fujo, ela avisa:

"Venha cá! A menina vai fazer uma viagem e encontrar o amor da sua vida!"

Hoje, novamente de manhã, junto ao Atrium do Saldanha, cruzo-me com outra.

"A menina não quer ler a sina?" "Dê cá a sua mão, que lhe leio a sina."

Faço o sorriso mais simpático (pragas de ciganas é que não mesmo e convém não melindrar as ditas) e deixo cair um "Não, obrigada. Estou cheia de pressa!", enquanto acelero em direcção ao Metro.

"Mas olhe, deixe-me só fazer um aviso! Deixe só..."

Sem resposta, naturalmente. A essa altura já me encontrava na terceira carruagem do metro das 9h45, escondida sob um sovaco alheio em hora de ponta.

Tenho receio destes avisos, destas previsões da inveja que me rodeia e das amigas falsas. Mexe comigo.

Agora, segunda-feira lá embarco. Não contem em receber mais posts que este será o derradeiro antes da cruzada.

Vou apenas com uma espectativa.

Descobrir se o lugar comum de um amor e uma cabana é verídico.

Descobrir se, realmente, as previsões da mulher estão correctas, encontrarei o amor e largarei tudo para assentar no Rio.

Mesmo que isso signifique acordar numa encosta da Rocinha, em troca de um amor cativo e forçado de espancamento, nódoas negras, cortes de navalha e queimaduras de cigarros.

Um amor tão belo que se traduzirá num regresso com um rim a menos ou num ingresso na lista da P.J., mesmo ao lado do Rui Pereira e da Maddie.

Isso ou descubro o raio da cigana para conhecer qual era o aviso.

Palpita-me que terei um dia longo pela frente.

quinta-feira, maio 07, 2009

Bo

Não esperem frases direitas ou palavras certas.

Em vez de dormir, oiço música no ipod. Kizomba, tarrachinha, mornas.

Deslizo pelos espaços livres deste quarto. De vez em quando, escrevo uma palavra ou outra, embalada.

A cada gesto, o meu corpo exprime aquilo que quero dizer e não o posso fazer aqui. Esqueço a escrita. O movimento é mais sincero, ao som das sílabas quentes, volume alto. Ecoa. Desliza, enrola.

As pernas, uma contra a outra, esfregam-se lentamente.

Atarracho, a mente voa, o corpo reclama a falta de outro. Para atarrachar ou deslizar uma kizomba é preciso outro que mande. Impõe-se contacto. Calor. Suor. Já caem as primeiras gotas, não do esforço mas do momento. E a batida... a batida...

A música no ipod. Tem dias que sou francesa, clássica, lírica. Noites que sou africana.

Hoje à noite, esta africana desliza. Meneia. Enrola. Talvez ainda nos lençóis.

Faltam os cheiros, o corpo, a brisa quente.

Porém, a minha mente tem tudo isso. Mais o volume alto que atordoa o cérebro.

E mais. Que não posso confessar. Mas, o corpo, o corpo fala, informa, grita, desbrava.

E atarracha.

Atarracho.

Não esperem palavras direitas ou frases certas.

Apenas o movimento.

terça-feira, maio 05, 2009

True love never can be rent


Não existem festas como as dele. Ela ri nervosa, no sofá.

Entrelaça as pernas, desentrelaça-as a seguir, debaixo do olhar fixo, concentrado dele.

Ele, sério, humedece os lábios.

Ela, ri, ri, estremece. É uma criança. É sempre assim, ao lado dele. Ama-o como as crianças amam os cães, os gatos, os rebuçados, os baloiços.

Ele, ama-a, assombrado pela perfeição do momento. Do seu toque. Depois, abraça-a e aperta-a contra ele. Sem a largar, não a quer largar.

E ela acalma, rende as forças, aninha-se. Adormece em segurança.

Estremunhada, entreabre os olhos e deixa escapar:

- Tótó...

segunda-feira, maio 04, 2009

Olha que coisa mais linda

Após a confirmação da reserva, todos os temores se foram.

Como li num blogue de uma carioca que viaja muito sozinha, "Sozinha não. Independente."

Ipanema, aí vou eu!

Agora, se me dão licença, vou começá a praticá o meu sôtaque.

São muitas coisas boas para matar saudades e o garoto de Ipanema é uma delas.