Não obstante ter iniciado o dia com uma "inundaçãozita" e quase a insultar o senhorio pelo telefone, com o telemóvel numa mão, esfregona noutra, encontro hoje em mim uma felicidade que há muito não sentia.
Neste momento, tenho o administrador do condomínio à minha volta, a tentar ignorar que vai mesmo ter que accionar o seguro e pagar os prejuizos, estou a fazer uma relação dos bens que ficaram estragados e ainda assim, minimamente humorada, ainda não descompus ninguém.
Melhor, apesar da chuva, do cinzento, da falta de sol na pele, da esfregona, do suor logo pela manhã que suprimiu um pequeno-almoço descansado (agora que falo nisso, vejo que inexistente) cá estou, com o sentimento que tudo se vai compor, que serei ressarcida em medida justa, e que "everything will be alright".
Que, ao fim ao cabo, parafraseando Mr. Miyagi, reencontrei o meu mojo.
Semanas de obrigação, desorganização, cansaço, desorganização, tempo perdido, maus ensaios devido à ausência de colegas (e nesse sentido, falta de respeito), esperas, fins-de-semana inexistentes. Falhar com os amigos, com a familia, comigo própria. Cada ida à academia havia-se tornado num fardo já dificil de suportar.
É verdade. Perdera o brilho a dançar. O sorriso. A vontade. Por conseguinte, ja nada fazia sentido. Incluíndo participar no espectáculo.
Sábado, agarrei nas coisas e virei costas.
Não é stress, não é pressão. É tempo valioso que tem que ser bem aproveitado e que não estou a canalizar para onde racionalmente o deveria.
Ontem, houve ensaio geral. Daqueles corridos, tal e qual como se fosse um espectáculo, que nos deixam em bica, com a adrenalina em cima e, no final, completamente exaustos.
Lá marquei presença. Aquelas pessoas, os meus colegas, o núcleo duro, como lhe chamamos, não mereceriam menos que isso. Fui, com a sensação de dever a cumprir.
Para meu espanto, quando menos esperava, apesar do excesso de cansaço, suor, troca de figurinos ali mesmo quase em cima do palco, que isto de apresentar sete coreografias em que três são seguidas é dose e não é para todos, voltei a sorrir. Muito. Não houve discussões, esperas, stresses que não fossem os esperados. Apesar do cansaço, dos trinta mil enganos que agradeço sempre que aconteçam nos ensaios gerais (é bom presságio), diverti-me como há muito não o fazia. Reencontrei o prazer de dançar, aquela felicidade indescritível e incomparável.
Dançar é mesmo o meu mojo, Mr. Miyagi.
Não tenha dúvidas. Estava tão somente adormecido nos últimos tempos.
Mal posso esperar por logo, por amanhã, quarta-feira, por todos os míseros ensaios que nos restam. Mal posso esperar por quinta-feira, ensaio geral no auditório, teste das luzes, spacing e todas aquelas rotinas solenes de palco que nos encantam.
Sexta lá estarei. Está esgotadíssimo. Dia 11 haverá mais.
Mais importante que isso, foi o que lhe disse, Mr. Miyagi.
Está de volta.
12 comentários:
E eu acho que é fantástico encontrar o mojo :P * Que seja um espetáculo a 200%, com tudo a que tens direito, e que no fim venhas com essa ou mais alegria contar pormenores. ;) vai correr bem*
Perdi o meu mojo há muitos anos mas não perdi a esperança de reencontrá-lo. Textos como o teu dão mais força nessa incessante busca.
Valeu a pena!
Breed in, breed out.
In thru nose, out thru mouth.
Breed in, breed out.
Wax on, wax off.
Welcome back, mojo!!!
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Textículos
mete um alfinete, ou pin nessa cena para ver se não volta a escapar!
já agora, parabéns pelos 3 anos de leite condensado às colheradas... dá diabetes, sim, mas é naquela.
Celinha 007=),
Obrigada!
Volteface.book,
Está no bolso, com certeza.
AnaT,
Se valeu.
Jedi,
Aiiiiiiiiiiiyyyyaaaa!
Texticulos,
Agora vou acorrentá-lo.
A,
Exactamente!
Já nem me lembrava disso! Obrigada!
Se te conhecesse, seria a altura ideal para te dizer "pariga! tu danças tão bem, mas tão bem caté metes mojo!"
Miguel (professor), és tu?
Ãn?
- eu até percebi a piada, mas achei que ficava ali bem um "ãn". É como colocar um raminho de hortelã em cima da mousse de manga: não serve para nada mas fica bem.
Ou um piano na cabeça do José Cid. Entendi.
Na na na na na... O piano na cabeça do José Cid teria efeitos práticos.
Muito positivos, até.
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