segunda-feira, março 23, 2009

Monólogos de uma pré-rehab

De há uns tempos para cá, desenvolvi um estranho e curioso vício que, a cada dia que passa, revela indícios de uma patologia desconcertante.

O pior é que aquilo que inicialmente estava mais ou menos controlado, está agora completamente fora das minhas mãos.

Tudo começou muito inocentemente. 

Hoje, posso afirmar que estou completamente agarrada.

Sou tal e qual um mosquito à volta de uma lâmpada incandescente, vivo em função da próxima toma.

Repito e sublinho, estou viciada.

E não é bonito.

Ainda por cima, um vício pouco ortodoxo.

Não, não é a minha mania de querer ser diferente.

Antes a providência que me apanha a relaxar numa rede de linho, numa paisagem de coqueiros e muito rum à descrição.

Eu, Alexa, novamente me confesso.

Não são os chocolates.

No que sou verdadeiramente viciada.

Mas, sim, em cortar o cabelo.

Neste momento, já encolhem os ombros, sacam dos lenços brancos, apupam-me e apelidam-me de dondoca por passar a vida no cabeleireiro.

Enganam-se. Estão longe da cruel realidade.

Vou ao cabeleireiro de dois em dois meses, quanto muito. De todas as vezes, pedincho agarrada aos pés da carrasco "Não, tanto não!" e corto na gorjeta pelo esventramento.

Estranho?

Passo a explicar.

Tudo começou em estar em frente ao p.c., sem trabalho relevante.

Ok, a olhar para o ar e a contar pacientemente cada pêlo do tapete felpudo.

Terminada a tarefa, ingresso pela de inspeccionar o cabelo.

Foi então que me deparei com uma realidade cruel, que, tal como eu, muitas, mas muitas rapunzéis sofrem.

Realidade, essa, que nós, mulheres de cabelos sereicos e compridos, ignoramos e ninguém para a qual nos alerta.

Acontece que, por mais que se cuide da melena, existem muitos cabelos que quase nunca vêm a tesoura.

Os cabelos novos são sempre mais curtos que os restantes, pelo que, a não ser que se corte o cabelo à Liza Minnelli, nunca sentem o sabor da lâmina. Acabam por estragar. Espigar, secar, amarelar.

Um pesadelo.

Vai daí, pego na tesoura , que já manejo com a mestria de uma Lúcia Piloto, e vá de reparar cada um que me surge à vista.

Um por um, corto rente a ponta do fio capilar.

Ora, já estão para aí a rebolar de rir. 

E a pensar "Cada um com a sua mas isso de gravidade não tem nada!".

Não obstante a vossa reacção pueril e reveladora de parca maturidade, asseguro-vos que não existe espaço para risos ou deboche.

Este festim de limpeza tornou-se num verdadeiro problema psiquiátrico e digno de medicação.

Não consigo largar a tesoura.

Se, antes o fiz uma ou outra vez, em tempo morto, ausente do pugilato jurídico, agora, estou com uma mão no teclado e outra, sofregamente, a cortar cada fio de cabelo.

Um após o outro.

Durante todo o meu horário laboral, que não é nada curto.

Acresce que corro riscos. 

Estou num sítio mais ou menos exposto, ideal para ser apanhada em flagrante.

O que seria muito estranho, considerando que não estou num salão de beleza capilar.

Ao ver-me, muitos torceriam o nariz tal como eu torço aos que sacam do corta-unhas em pleno autocarro. Torço o nariz, arranco o meu maior olhar de nojo e reprovação, excluo-os da sociedade civilizada. Será esse o meu triste fim?

Por isso, solicito a vossa singela ajuda.

Dêem-me a vossa mão.

Internem-me.

Amarrem-me, mediquem-me.

Façam alguma coisa.

Suplico-vos.

Pleaaaaaase!

Antes que perca a minha melena.

E me transforme

NISTO


22 comentários:

Cat disse...

Aconteceu-me a mesma coisa há já uns anitos e a verdade é que continuo! Eu estrago o meu próprio cabelo de tanto lhe mexer! e de tanto pegar na tesourinha e cortar fio por fio!!! Deves tar a pensar: "Lá vem esta dar uma de solidária!" mas a verdade é mesmo esta! Faço o mesmo e para piorar ainda mais passo a vida a passar o cabelo por entre os dedos... manias nossas mas que nos podem custar muito!...

Jedi Master Atomic disse...

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

Podia ser pior !!! Já viste se te desse para queimar o cabelo ???

Anyway, isso resolve-se facilmente. ARRANJA UM NAMORADO !!!!

Ana das Pontas disse...

LOOOOOOOOOOL

Coisa estranha mulhere!! Experimenta esconder as tesouras ou deitá-las fora como se fosses um alcoólico a abandonar as garrafas! É que senão ainda ficas careca!!!

Mad disse...

Pois devias cortá-lo de mês a mês, que é o que eu faço, mas no cabeleireiro. É da maneira que está sempre bom, brilhante e cada vez mais comprido (eu disse que o meu cabelo cresce quase três palmos por ano? eheheh).

E transforma-te no que quiseres menos NISSO, credo!

Vollyg para ti também :)

Paulo disse...

Mune-te de um dicionário da pior verborreia e vai a um estádio de futebol assistir a um jogo.

ou então arranja um namorado, mas não lhe mostres as tesouras...

Bruno disse...

Bem esta senhora é horrivel. Já tive uma ao lado dela duas ou três vezes e até faz impressão a magreza da mulher. E quanto ao cabelo até nem está mau. Para compensar o resto.

Lady Oh my Dog! disse...

hahahahha! tens uma cabeleireira dentro de ti (salvo seja)

Alexandra disse...

Cat,

Solidariedade é sempre bom!

Passar os dedos pelo cabelo acho que nem o faço muito. Acho. Quer dizer... Um pouco... Medo!

Jedi,

A que propósito é que isso iria acontecer?

Namorado porquê??? Mauuuuu! Chegou a Primavera e ficaste (mais) tontinho?

Zaahirah,

Não me parece que seja por aí. Estamos em crise e deitar tesouras fora é que não...

Mad,

O descalabro foram os últimos meses que não tive tempo para assoarum hipopótamo.

O problema não são as pontas. Eu tenho muito cabelo e tenho sempre muitos cabelso novos. Inevitavelmente, são mais curtos que os restantes. A não ser que faça uma poda das grandes, não cheiram a tesoura. Mesmo que o corte todos os meses.

Pois, ficar com semelhante penteado assusta-me mais do que acabarem as reservs de chocolate no mundo.

Paulo,

A questão não é descomprimir. Três horas diárias suadas de dança chegam plenamente.

Alguém me explica esta do namorado?

Bruno,

Não está mau? Não sei o que vêm mas, na minha opinião, é dos penteados mais horríveis que podem fazer a uma mulher.

Lembra-me o meu piriquito quando sai do banho.

Lady oh my dog!,

Também já suspeitava que crio aliens dentro de mim. Ou gremlins!

Mozka Tché Tché disse...

Não entendi...

I. disse...

Lol, tive a mesma mania quando estava na faculdade, enquanto estudava para os exames, lá estava de tesourinha das unhas em punho, a inspeccionar madeixas. Até descomprimia, na verdade.
Tenho p'ra mim que a tara vem de se ter à frente um trabalho chaaaato e repetitivo (no local de trabalho nem tenho tesouras, não vá cair no mesmo vício de novo)

Gi disse...

Estás loira ou agora? ;)
O tapete, suponho, dá com os capilares não? Quando um(a) cliente entra na loja está tudo disfarçado.

Alexandra disse...

Mozka,

Não? Que parte?

I.,

Ahahaha! O meu trabalho é tudo menos chato e repetitivo. Aliás, nem posso dizer que tenho um. Tenho vários e todos muito diferentes. Quanto muito, a culpa é de uns tempos mortos que surgem aqui e ali e como adoro estar multi-ocupada...

Gi,

Não faço isso ao pé do tapete, credo!

Loura seria a coisa mais cómica de se ver em mim!

Anónimo disse...

É comum quando temos o cabelo comprido...
Mais era grave se te transformasses nisto...no entanto, quero muito crer que seria necessário muito mais do que cortar o cabelo!!!
Eva

Anónimo disse...

Mais grave era
Eva

Jedi Master Atomic disse...

Eu explico a cena do namorado.

Se arranjasses um namorado como deve ser (e que não se assuste com a tua...eeeerr...flexibilidade), não tinhas tempo para te preocupar com o cabelo, porque ele arranjava maneira de to fazer cair :P

Angelblue disse...

LOL Esta caracteriza-se por ser irreverente, diferente e cada vez mais deficiente, se tiveres o azar de ler ou ver uma entrevista com ela percebes. Olha eu acho que um bom fim de semana num turismo rural da costa alentejana vai fazer-te maravilhas. Gosto do teu Blog. Danças em que companhia?

Alexandra disse...

Eva,

Uns enchimentos no peito, para começar!

Jedi,

Exactamente. Ou o contrário.

Angelblue,

Acho que preciso de algo mais frenético. Mas eu consigo transformar o Alentejo em frenetismo quando lá vou.

Ahahaha! Obrigada! Eu não danço numa companhia. Sou advogada e, ultimamente, também empresária de profissão. A dança é uma paixão que retomei há pouco tempo, apenas como amadora muito dedicada.

Jedi Master Atomic disse...

AngelBlue,

Ela bem gostava de uma companhia para dançar. Mas até agora só lhe aparecem companhias sem flexibilidade....muahahahahah

Alexandra disse...

O que tu deves saber à cerca disso...

. disse...

Eu corto o cabelo, sobretudo a zona da franja, sempre que estou mal disposta ou sempre que o tempo se demonstra mais extenso do que o que supostamente, e na realidade, é!
Portanto, sou compreensível com esse pequeno problema que levará ao fim de todo o seu cabelo :) *

Angelblue disse...

Loooool Alexandra já vi que temos todas o mesmo problema, o assunto da flexibilidade vem sempre à baila loooool basta saberem que és bailarina zás!! aparece logo um brilhozinho nos olhos deles bem diferente looool

Alexandra disse...

Neuza,

É que eles gozam, mas não percebem que estamos a adquirir qualificações e experiência profissional.

Angelblue,

É lindo! Antes, era o ginásio. Ahh... Fazes tanta ginástica? E lembravam-se logo daquela teoria das pessoas que praticam muito desporto. Agora, é também tiro e queda. E previsível. Chega a ser cómico!