Meu querido,
Sonho todos os dias com o frondoso navio que te apartou de mim, lentamente a desvanecer no horizonte.
Imagino que o teu regresso não tenha sido fácil.
Nunca tiveste o estômago para o alto-mar, calculo que o saco de papel e o balde tenham sido os teus melhores amigos, entre ondas e balanços repetidos.
É de preocupação que se enche o meu peito, quando recordo a tua cor esverdeada no primeiro passeio que demos. Recordas-te? Quando te levei a conhecer outros mundos que não o Kubo e o SushiRio. Afinal, Cacilhas, pode ser também a imagem de um paraíso, personificado pela singela e encantadora taberna, com cheiros no ar a cerveja e óleo de fritar demasiadas vezes queimado.
Como não haverias de recordar... Naquele momento, acreditei que te perderia alí mesmo, na calçada, no meio de todo o choco frito, ameijoas e panaché devolvidos pela tua garganta, a esforço.
Mas superaste. Fizeste-me prometer que nunca mais te levaria a tal jornada. O amor é mais forte e eu esqueci a lua de mel no Barco do Amor, com destino a Acapulco, com que sempre sonhei na minha infância longínqua. A casa da madrinha também foi agradável, se esquecermos o pequeno Miosótis, que uivava a toda a hora.
São duros os dias que passo sem ti.
Fecho os olhos e vejo-te sorridente, nesse clima, nesses areais de uma terra ainda muito pouco povoada e por construir.
Vejo-te alegre a dançar aquelas Kizombas, que tornam as tuas ancas tão apetecíveis, com aquelas pretas concupiscientes, de carnes fartas, rabudas e lábios ávidos de pele branca.
É nessas alturas, meu querido, que dói. Dói-me a alma e o corpo. Dói-me o sexo. Não te quero ver com aquelas pretas e muito menos a dançar aquelas kizombas e mornas que dançávamos quando te perdias com o meu rabo.
Ainda te perdes, replicas tu. És um querido e um cavalheiro. De coração tão grande, que me falta a respiração quando me lembro no exacto momento em que o gritavas para que todos os vizinhos o soubessem.
Antes que me esqueça, no bolso interior da tua mala encontrarás uma bisnaga de pomada.
Sei que não é muito e não chega aos pés do salame da tua mãe, mas os mosquitos são gulosos, meu querido.
O marido da minha prima foi picado e, de lá, retornou boçudo, emborbulhado de gosma e doenças que só aqueles pretos têm ou inventam, para correrem com os ingleses e americanos que lá vão atrás do petróleo. Mas os mosquitos não falam inglês, só distinguem a cor da carne, não te esqueças de espalhar bem a pomada.
Eu não te quero boçudo, meu querido. Não quero passar a vida a mudar pensos e emplastros cobertos de puz e encharcados da tua febre. Não aguento. Para isso, prefiro deixar-te e recordar-te como eras naquelas noites em que gritavas que o meu rabo era o melhor de todos.
Assim me despeço.
Com saudade.
Não esqueças os meus pedidos. Não olhes para as pretas. E para as mulatas. É delas todas de quem mais tenho ciúmes. Sequer posso imaginá-las enroscadas em ti. Deleita-te antes nos banhos, nos mares, nas comidas e frutas tropicais. Tens ainda a RTP Àfrica e à RTP Internacional para apaziguar o desejo. Diz que resulta e vamos confiar.
Um beijo imenso.
14 comentários:
Minha cara,
Se há aqui alguém que não tem respeito, é você e, sobretudo, por si própria.
O que faz é deveras reles e baixo, independentemente dos motivos que, por ventura, possa ter. Mesmo que seja efectivamente verdade o que alega, tão somente se torna igual ou pior.
Resolva os seus problemas no foro próprio e de forma adequada.
Não é bem vinda aqui com esse propósito. Não tolerarei insultos e tentativas de denegrir seja quem for. Já a identifiquei. Se persistir, desencadearei as necessárias diligências.
Eu ia comentar o post mas depois de ler a tua resposta a alguém retiro-me silenciosamente, crendo piamente que tu não vais dar por mim...
Um beijo
Ana,
A minha resposta foi a uma pessoa que resolveu criar um blogue com a imagem de outra para a denegrir.
Veio aqui somente fazer insultos.
Podes comentar à vontade, está claro!
Eu percebi Alexandra. Eu gosto mesmo é de dramatizar:)
Pé ante pé... sorrateiro, de solslaio... aqui entro.
Só mesmo para dizer que adorei este teu post.
Quanto ao resto, não há palavras.
Ana,
Assustaste-me!
Beijinho
Mozka Tché Tché,
Eu só não gostei das senhoras concupiscientes.
Ehhhh, Alexa!
Lá em cima falaste como uma verdadeira advogada!
Alexandra não ligues ela quer é atenção e conversa, nem merece que se pense nela, ignora-a. O teu Blog é muito engraçado e venho aqui muitas vezes. Sabes o que disse Miguel Bombarda antes de morrer logo após ter sido esfaquiado por um louco?"-Por favor, não lhe façam mal, é um doente..." Pois claro!
Beijinho e tira um fim de semana para viajares até Africa ;)
Anónimo,
Mas sou de pechibeque.
Angelblue,
Ligar, ligo. Faz-me rir e uma boa comédia não se encontra assim tão facilmente.
Obrigada! Ahahahaah!Estás a ver?
Para África seriam uns mesitos...
Olá bom dia, ou direi boa noite, pois são 4.10h e ainda não vejo o Sol de onde me encontro.
O teu texto é verdadeiramente delicioso, pela transparencia com que desenvolves o sentimento. Não conhecia o teu blog, mas vou tornar-me regular nas minhas visitas. Obrigado.
Bom dia e Bem vindo!
Obrigada!
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