sexta-feira, dezembro 28, 2007

Ares do campo abrem o apetite


Tenho um problema com o álcool.

É horrível e faz-me passar inúmeras vergonhas.

Custa até desabafar.

É que…

É que por mais que beba, não sinto o álcool. Não me faz nada. Nem uma risadita a mais.

O grande problema é que nunca apanhei uma bebedeira. Não consigo!

Escusem-se de vir com conversas de que “Comigo é que vai ser!”e afirmações tolinhas do género.

Façam as contas.

Fiz parte da Associação Académica de Lisboa. Da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa. Da Associação Europeia de Estudantes de Direito. Organizei Semanas Académicas, Quinzenas do Caloiro, festas e festas dentro e fora da faculdade. Conhecia todos os RP’s de bares e discotecas. Consumo ilimitado.

Litradas de bebidas passaram por mim. Inventei bebidas. Levei muita gente ao hospital. (Levei mesmo, acompanhei-os e segurei-lhes a mão e a cabeça, ok?)

Nem um pifo.

Este verão o meu problema acentuou-se. Fosse o que fosse, sabia a Compal de pêra. Fui gozada, humilhada, “Não tocas nisto, é um desperdício!”, diziam os amigos.

Pois bem.

No feriado de Novembro realizou-se a feira dos frutos secos em Alvito.

Terrinha da mãe, Alentejo, comes e bebes, cavalos, faduchos, cantares alentejanos. A-do-ro!

Como no dia anterior tive um farto jantar até às tantas, no dia seguinte torci o nariz ao pequeno-almoço.

Meio-dia e meia e lá fomos almoçar (leia-se pão com queijo, com chouriço, presunto, regaditos a tintol). Tinha apenas roído um pedaço de polvo seco e grelhado.

O meu pai delirante por ter companhia na bebida (A minha mãe embebeda-se com uma colher de chá e o meu irmão é movido a Coca-Cola.).

Espantem-se.

Não. Espanto-me.

Ao fim de meia dúzia de copitos sinto um formigueiro nas pernas. Na cabeça. O sorriso teima em abrir.

Sorte malfadada.

Queixo-me de nem ficar alegre e vou sentir os efeitos LOGO em frente aos meus pais!

Não desarmo. Endireito a coluna e bebo mais uns quantos. A cabeça a dar à roda, a vida é linda e sou feliz!

Evidentemente com a postura de uma lady. Irrepreensível, pois ninguém notava a zonzice.

Apreensiva.

Por ter de me levantar da mesa sem meia pirueta e cair estatelada no chão.

Respiro fundo.

Aperto os abdominais, perna para aqui, a outra para acolá e lá consigo.

- Queres café?

- Pai, não posso beber café… o estômago… já devias saber! Preciso é de um doce.

Pensava eu que estaria safa.

Congratulando-me pela façanha. Merecedora de uma medalha por tal representação de sobriíce.

Não fosse a minha mãe querer comprar licores.

Obrigando-me a provar mais de dez qualidades. De poejos, de amoraaa, de framboeeesaa, de vi… viiinho, de choc- hic- ooocolaaatte, não-me-lembro, nã-me-hic-lembro…

Ninguém notou.

Até que, depois do almoço, fui montar com os primos.

- MARIA ALEXANDRA! Porque é que a Violeta está a cavalgar aos Esses????

Ares do campo, mãe, ares do campo!

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Coisas que aprendemos com o Natal... Not!

Depois do Natal (Do serão de 24 e do longo dia 25), fiquei a saber que:

- Se deixarem crescer a barba, o meu irmão e o meu primo Pêpê serão facilmente confundidos com Talibãs (Apesar do meu esforço reiterado de fazer compreender que os talibãs não têm caracóis como o Pedro e narizes como o Zé e muito menos o corpanzil deste. Os tipos não comem pizzas e hamburgueres ao pequeno-almoço).

- Se não quiser passar por mexicana/ india americana/ indiana (!!!) não deveria ter este corte de cabelo. Posto à discussão, foi aprovada a minha tosquia total. A essa hora, já estava trancada no quarto aos berros. De nada serve dizer que o meu espírito era Maia. Nem assim compreendem a minha aversão ao frio e fascínio por aquelas águas. Essa é também a razão porque uso o secador de cabelo para aquecer a cama. E pela qual me ressurjo contra o calendário romano. As treze luas fazem muito mais sentido. "O espírito marca a pele", já dizia a minha avó. "Por isso sorri."

- Os genes da minha família são tramados. Sem quaisquer misturas, saem cabelos castanhos claros, cabelos negros, olhos azuis, verdes e castanhos claros, peles brancas e morenas com mais ou menos sinais. Bem disse aos meus primos que isso talvez não seja bem assim e que naquele tempo fazia-se amor às escuras. Sem efeito. Os avós sempre se portaram bem. Por pouco fui deserdada.

- Por mais que todos os anos faça a cabeça à minha mãe, acabamos por fazer comida para mais 25 pessoas (So what else is new???) e depois está tudo de dieta.

- Há quem coma tremelona (um doce multicolorido com várias gelatinas e leite condensado) misturada com mousse de chocolate e não vá direito a correr à casa de banho. Eu cá sou pela separação das classes. Tremelona, shaken but not stirred!

- Ainda consigo comer a travessa inteira de arroz doce, nem que seja pelo facto de ser feito por mim, unica e exclusivamente ao meu gosto pessoal.

- Temos um irmão que é o responsável pela árvore de Natal do Porto, que passou lá semanas e semanas envolvido na projecção e montagem mas não é capaz de dedicar 10 minutos a montar uma árvore artificial de metro e meio.

- Os Natais são todos iguais. Cabe-nos a nós diferenciá-los pelos sorrisos que arrancamos às pessoas. Missão cumprida?

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Saldos de Natal

Este ano o Natal até correu bem.

Sábado, chego da minha aula de ballet - Esta é outra aventura que tenho de relatar, “Oh, meu Deus, tens tantas facilidades, até o pezinho tu tens!”, diz maravilhado o Professor babado…

Anyway, onde é que eu ia?... Ahhh!

Sábado, chego a casa da minha aula de ballet e encontro os meus pais na cozinha a depenar um par de perdizes (Troféus dos dias de caça do meu pai), perante o olhar horrorizado e enojado do Reggae.

Periquito traumatizado: - 9.

Domingo, com dois palitos a segurar as delicadas pálpebras (noite anterior no Lux e converseta, entre lágrimas de mulheres, até às 7h00 no carro), lá me desloquei à piscina do Well para momentos de silêncio e relaxamento massajado. “Olá! O que é que estás aqui a fazer?? O Clube fecha daqui a meia hora!”

Relaxamento e descanso das semanas loucas que tenho tido: - 11.
Ingresso na loucura do Colombo para comprar a última prenda para o meu irmão: -4 (Foram quinze singelos minutos, sou cirurgica.).

Chego a casa e ninguém arrumou nada, montaram sequer a árvore e ainda tenho de fazer a árvore de natal toda: -7.
Fazer bolos até às 23h: - 5.

Segunda-feira, cozinha, cozinha, cozinha. Acordadinha Às 7h30: -9.

Jantamos.
Bebo meia garrafa de Baileys.
21h30 e atiro para os meus primos:

- Eu já volto! – Surrupio-me.

Quase as doze badaladas e foram dar comigo a roncar no quarto. Despuduradamente.

Inclusivamente, metida nos lençóis.

Enrolada. Quentinha. Protegida.

A sonhar que ainda dormia e roncava mais alto.

Já sei.

Deprimente.

Súbito abanão vigorosamente aplicado pela minha mãe, ao que respondo, desgostosa:

- Não, não quero ir trabalhar!!!

Chapada na cara e lá acordo: - 7 (Doeu).

Afinal era só mesmo para ir abrir os presentes.

Não recebi um único par de peúgas ou pijama: + 20!

Ninguém discutiu em todo o serão: + 10.

Hoje, deixei levemente cair a minha cabecita sobre o ombro de um passageiro do metro (deve ter ficado com nódoa negra). Enchotou-me, o desgraçado: - 3.
Perdi um sapato pelo caminho na maravilhosa calçada portuguesa (the usual) e, neste momento, enfrasco-me em comprimidos de guaraná e chá verde enquanto penso que TODOS, sim, TODOS lá em casa estão de férias: - 19.


A empresa funciona a meio gás e posso FINALMENTE tirar dez minutos para escrever para o blogue: + 1000.

Há coisas fantásticas, não há?