quinta-feira, outubro 25, 2007

And now for something completely diferent III - Disfunção cerebral

Tic-tac, tic-tac. O tempo que não passa. A insónia que não me deixa dormir.

Queria ver novelas com o espírito de quem vai ao MacDonald's pedir um sunday de caramelo. Fazer viagens. Apanhar avião com destino incerto, decidido ao sabor do momento. Correr. Correr na terra batida com o cheiro do eucalipto a embalar-me. A 2ª circular, lá ao fundo, ignorada, por detrás dos campos. O pó da terra sobre as sapatilhas livres. O cabelo desgrenhado.

Correr ao telhado, saltar como se não existisse gravidade. Um, dois, três, Jerónimoooo!

Mais facilmente pego no trabalho e afogo-me em trabalho. Afogada, esquecida. Perdida do dia-a-dia. Esquecida de uma mãe jovem que descobriu que a vida é efémera e que ainda tem muito para viver. Esquecida do avc, do controle da tensão, do sal, dos diabetes, das caminhadas obrigatórias que não são feitas, entre protestos, muitos, meus. Esquecida dos quistos, no peito, nos ovários, da operação de urgência e de uma mãe apreensiva, por mais um problema, tudo ao mesmo tempo, e que vai ter que passar exactamente por essa operação, com urgência, que uma das irmãs, Elisa, passará amanhã. Esquecida que a família não se escolhe e que eu escolhia a minha mãe mas não a minha tia Catarina, que tudo faz, com maldade, para prejudicar a minha mãe. Dá-lhe cabo da cabeça, da saúde e eu, se pudesse, dava cabo dela. Esquecida que te posso perder e já esteve por tão pouco.

Eu, se pudesse, dava cabo dos problemas. Aqui ando a marcar passo, e eles multiplicam-se. Trabalha-se em casa, proteje-se a família. Descubro que somos mesmo o mais importante. Esqueço o resto. As viagens que adoro, os amores, as futilidades, a profissão, bem a profissão não, porque afinal também são feitas vitórias, todos os dias. E ninguém acreditava que fosse possível, a sair só do meu corpo. Cá está. Adia-se o sonho de sair de casa, não por falta de condições financeiras, mas porque já não tenho o sonho de sair. Quero proteger-te. Quero poder evitar tudo da mesma forma que evitei, se voltar a acontecer. E agora que não vou trabalhar em casa?

E eu que não durmo. Não consigo. Não desligo.
Ao menos, desligo o computador.

Boa noite.

15 comentários:

Jedi Master Atomic disse...

2:09 AM !!!!!!!!!!!!!

Tu não trabalhas, rapariga !! Tu deves ter um cateter intravenoso com ligação directa ao cerebro a receber leis e casos à velocidade de 5 palavras por segundo.

lol

Gi disse...

Antes sofreres de disfunção cerebral, Alex, do que de disfunção
no coração; e isso não sofres de certeza; dá insónias, lá isso dá, mas faz-nos sentir vivas!
Fica bem!

Alexandra disse...

Percebi pelos comentários (ou ausência deles) que o texto é pesado e dificilmente material qualificado para estas colheradas.

Não sou pessoa de lamentações ou de queixumes. Procuro sempre olhar apenas e pensar apenas positivo. Por isso, são raros os desabafos, as confissões de temores, receios ou tristezas.

Mas precisei muito publicar este post. Soube bem. Foi como abrir a janela do quarto e gritar aos quatro ventos.

Já me sinto novamente um pilar. Rocha.

Desculpem-me os vossos ouvidos e obrigada.

Anónimo disse...

Achamos sempre que podemos transportar a vida ás costas. A nossa, a dos outros... e que faremos toda a diferença por isso mesmo...

É revelador da capacidade de amar, de compaixão, de dar. Um dar altruísta que não reclama devoluções...

És uma mulher notável de uma essência e profundidade nem sempre compreendidas...

Recomendo o seguinte exercício:

Imagina que te aproximas de uma pessoa que se encontra a dormir e não detecta a tua presença.

Dás contigo a observa-la com aquele sorriso "tonto" e gratuito estampado na cara.
Pensas que a vais proteger de tudo e todos, que nada de mal lhe irá acontecer, desejas-lhe tudo de bom. Queres aproximar-te e dar-lhe um abraço forte e dizer-lhe o quanto a amas...

Essa pessoa vira-se e és tu.

Damo-nos tanto aos outros que nos esquecemos de ter compaixão por nós mesmos... Essencial para ultrapassar as insónias da vida...

Um abraço forte para uma pessoa especial. Bjs ;)

P.S.- É tarde da noite... há que dar um desconto. Gajas! Umas lamechas...

Alexandra disse...

Sôtôra,

Isto de me por de lagrimazita no canto do olho logo de manhã não vale!

Obrigada, amiga!

Na verdade, se me encontrasse a dormir, o mais provável seria "pôr-me" pasta de dentes numa mão e "fazer-me" cócegas no nariz...!

Beijinhos

Maria Ostra disse...

E todos temos direito ao grito.
Eu grito contigo AAAAAAAAAAIIIIIII CAAAAA MEEEERRRDAAAAA!!!!!
É assim e pronto!
E eu gosto da tua vitalidade, minha menina!! :))

Jedi Master Atomic disse...

O blog não só para postar cenas engraçadas. E aqui deves sentir-te à vontade para postar a tua alma.

;)

uma beijoca extra

Jedi Master Atomic disse...

I'm comin', Beany-boy !!!

:P

Alexandra disse...

Maria Ostra,

Obrigada!

Jedi,

É verdade, mas ler de ler tristezas está tudo farto.

Thanks! Finalmente, alguém se lembrou do raio dos desenhos animados!

;-)

Jedi Master Atomic disse...

Xanocas (lol....esta está quase tão perto como chamar-te "amori"...lol),

Mas é preciso ler de tudo um pouco. Com incidencia nos bons momentos, claro.

PS: Não fazia ideia de que estavas à espera da resposta do Cecil, senão já a tinha dado mais cedo :P

Anónimo disse...

Terça-feira começou com uma notícia horrível e definitiva. Quando o choque se atenuou, uma das coisas que fiz para revêr o lado bom da vida foi visitar o teu blog e fiquei pesaroso porque não consegui encontrar palavras que, por pouco que significassem vindas de um estranho, te ajudassem a superar mais depressa as situações que descreveste. No fundo gostava de retribuir um pouco da felicidade que consegues transmitir.
Claro que não precisaste disso para encontrar novamente força, mas não queria deixar de dizer que concordo com a sôtôra:
Fica bem

Alexandra disse...

Jedi,

Amori, nunca! Credo... Que nunca as borboletas me façam entrar no dialecto-bébé-sou parva-e-falo-assim-porque-estou-embasbacada-por-um-tipo!
Obrigada ;-)

Jorge,

Notícias horriveis e definitivas são, de facto, as piores.

Só posso desejar que recuperes. Bem. Que continues a tentar ver o lado bom da vida. É o mais importante (embora nem sempre seja possivel).

Só te posso agradecer e, apesar de estranhos, comprometer-me-ei a tentar postar os bons lados apenas.

O objectivo deste blogue é trazer-me felicidade. Porque me divirto ao escrever, ao montar as fotos, ao divagar e até o desabafar. Fico muito contente ao saber que também a transmito. Que responsabilidade!

Enfim, a ti e a todos (e ao Cecil, Jedi Mini, que comenta e comenta e comenta e é um querido, qualquer dia um stalker!) um beijinho grande, vá de encher o peito e enfrentar a vida. Com um sorriso.

Jedi Master Atomic disse...

Epa, eu posso ser um querido, mas por favor, tira a porcaria da verificação de palavras.

É IRRITANTE !!!!! lol

Jedi Master Atomic disse...

Voltando ao tema. Falaste à diácono remédios...."Qualquer dia...." eu serei um stalker.

Bem, eu até sei onde fica o Wellness. LOL

Alexandra disse...

Eu sei. Também não gosto.

Mas comecei a receber dúzias de coments com publicidade. Spams... Terá que ser, pelo menos por uns tempos.

Desculpem!

Wellness ou Hägen Dazz do Chiado... Podes começar a fazer esperas! Boa sorte... Ahahaha