quinta-feira, setembro 29, 2016

As pessoas preferem ser mornas, inertes

Saudades das acções desmedidas, apaixonadas, impulsivas, das dissertações eloquentes sobre qualquer coisa, mesmo que seja a chuva ou se o preço dos figos deveria ser tabelado.

Saudades daqueles que te agarram no pulso e levam a correr rua fora só porque apetece fazê-lo no meio de gargalhadas.

Saudades dos que bebem e confessam que gostam de ti e só não te beijam porque jantaram iscas de cebolada.

Saudades dos que fazem serenatas à janela.

Saudades dos que te acompanham nos mergulhos no mar à luz da lua.

Saudades das fogueiras na praia e dos rostos alaranjados pelo fogo.

Saudades dos que percorriam a marina de patins contigo a grandes velocidades e abalroavam turistas para não cairmos pelas rochas.

Saudades de saltar pela janela para ir sair.

Saudades dos loucos. Desses saudáveis loucos que não vivem a vida em banho maria, em fogo lento, ameno, inexistente, adormecido.

Já não se fazem loucos desses e esses, muitos deles, perderam essa loucura.

Saudades de ti. Hoje é mais um aniversário em que não estás. Saudades de tantas coisas. Tantas.

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