Este blogue nunca teve a intenção de ser um diário. Tinha a intenção de ser um rol de disparates ou, quanto muito, episódios e reflexões meus, vistos com uma lupa a puxar para a parvoíce.
Dava-me um gozo fenomenal. Tinha ataques de riso quando escrevia e mais feliz ficava por saber que punha os leitores no mesmo estado.
Os anos passaram (10!), apareceu o Facebook para destabilizar o Blogger, apareceram os "outefites" e as pessoas já não estão para ler textos "grandes". É a década das imagens, não das palavras. Em todo o caso, também a "linha editorial" mudou, por diversas vezes.
Nunca gostei de partilhar mais do que o que controlava. Ou seja, na verdade, poderia parecer muito mas pouco ou nada do meu dia-a-dia ou de quem sou sabiam.
Todavia, os blogues são realmente muito mais úteis quando partilhamos mais do que isso.
Sempre me disseram para não partilhar certos aspectos, como os meus terríveis últimos anos, a doença, etc, por ainda existirem muitos estigmas em relação a esses e outros assuntos. E concedi. Concedi, concedi até ao ponto que senti que necessitava de falar do assunto para eu própria perder o estigma.
A verdade é esta. Dou um pouco de mim, sem dúvida. Exponho-me mais. Corro riscos, a nível pessoal e profissional, que estamos no Portugalito e estas coisas nunca se sabem no que podem dar. Mas também percebo que muitos desse lado sentem-se confortados, por saberem que afinal não estão sozinhos, não são aves raras nem são menos dignos pelo que passam. Pelos vários comentários que tenho recebido, vejo também que necessitam desse desabafo. Desse grito do Ipiranga, A questão é simples, embora a maioria da população caia na ignorância. Poderia ser uma amigdalite, é uma depressão. Poderia ser uma gripe, é ansiedade e por aí fora. O cérebro adoece como os outros órgãos e a culpa não é nossa. Adoece mesmo e não pensem que a coisa vai lá só com conversa de "Eu sou forte, isto passa.".
Facto: Esmagadora maioria da população está doente, com estas e outras doenças do foro psicológico, mas não procura ajuda para se curar, simplesmente porque desconhecem ou temem enfrentar o estigma. A depressão e a ansiedade são as grandes epidemias do Séc. XXI (Palavras da minha médica.).
Só o facto de saber que alguém se sente melhor, mais acompanhado ou que afinal deve pedir ajuda, já mereceu a pena a minha exposição. Até porque, grão a grão vão-se terminando os tabus e os estigmas.
Os blogues têm destas coisas. Espero que se sintam acompanhados, tal como me sinto acompanhada e acarinhada por muitos de vós.
Bem haja.
PS - Para quem ainda não percebeu e só segue o Blogger, O Leite Condensado tem muito mais vida no Facebook. Nem qeu seja para vos desejar os bons dias e as boas noites.
PS - Para quem ainda não percebeu e só segue o Blogger, O Leite Condensado tem muito mais vida no Facebook. Nem qeu seja para vos desejar os bons dias e as boas noites.
2 comentários:
Há quem por cá passe, que também por isso já passou. Agora têm um chapéu e estão melhores :)
Espero que também passe.
Também eu sou daquelas que falo no blog (e no facebook pessoal) de uma doença crónica que resolveu alapar em mim e que originou uma outra questão considerada tabu pela sociedade: a infertilidade. Falo para exorcizar mas, acima de tudo, para ajudar, para desdramatizar e porque me faz bem. Força!
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