Provavelmente nunca deverão ter reparado (Sobretudo se nunca puseram os pés neste blogue ou andaram perdidos da cabeça durante estes quase sete anos.) mas tenho tendência para ser compulsiva a comer. Quando me dá na veneta, não consigo parar dois minutos sem atacar o frigorífico e, geralmente, pego sempre nas coisas mais calóricas e/ou açucaradas.
Para minimizar o problema, resolvi ir a uma nutricionista muitíssimo recomendada pelas minhas colegas da academia de dança, que estão lindas e a comer saudavelmente. Nos intervalos das aulas, de um lado, as minhas colegas com uma banana ou algumas nozes na mão, do outro, eu com uma ferradura de chocolate. Cansada dos olhares de reprovação, resolvi intervir.
Ora bem, a doutora muito simpática, após longa conversa sobre os meus hábitos alimentares, lá decidiu que, dali em diante, eu deveria abster-me de tocar em tudo o que é chocolates, doces, pão, arroz e massa, passando a abrir portas aos alimentos naturais, biológicos e pouco processadose alimentar-me única e exclusivamente de muitos legumes, carnes, peixes e ovos e algumas frutas, ainda assim, preferindo frutos secos.
Lá tentei explicar-lhe que tal mudança não teria bons resultados, metabolismo alto, muitas horas de dança e perdição infinita e incontrolável por doces, pão, lasagnas, etc, etc mas de nada serviu.
Pois que a descarada teimou, teimou, teimou ao que pus fim a tamanha teimosice com um murro na mesa rosnando: - Ai é? Então, se daqui a uma semana regressar cá e a doutora constatar que a ideia só trouxe prejuízos, devolve-me o dinheiro da consulta em dobro!
-Apostado! - Consentiu com os olhos raiados de vermelho e prestes a saltar para perfurar os meus, por sua vez, doces, belos e amendoados.
Resultado: Uma semana depois, perdi seis quilos, deixando de ser uma jovem bonita, sexy e agradável à vista para passar a ser um conjunto de ossos (ainda que bonito), agora a toda a hora perseguido pela Cacau a salivar e de dente arreganhado. Por sua vez, o meu namorado terminou comigo (Por carta, enviada do Nepal.) e todos os meus colegas, clientes, família e vizinhos passaram a fugir quando me vêm. Adivinho que seja o meu humor.
Chorou que se desalmou, a atrevida. Jogada no chão soluçando entre lágrimas gordas de desespero e arrependimento. Soltou gritos de horror, perante o meu aspecto causado por tamanha crueldade.
Aguentai os cavalos, não sejam tão caridosos.
Serviu-lhe de lição, a brincadeira.
Tão cedo, não brincará com a saúde de ninguém.
(E deste lado estão cento e vinte euros.
Cento e vinte euros para esbanjar em chocolates.
Deus é grande!)
1 comentário:
Um mimo este texto. Super expressivo. O final está tão irónico que não cheguei a perceber se a coisa aconteceu mesmo. Ela devolveu-te mesmo o dinheiro da consulta?
Relativamente ao problema da compulsão por doces, debato-me com a mesmíssima coisa. E tenho a ideia, lá está, de que um nutricionista não ia conseguir fazer grande coisa por mim. Isto só ia lá com psiquiatria!
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