Tenho passado uns tempos giros e finalmente sei dizer (ok, já o sabia com o Raggae) que tenho um verdadeiro instinto maternal.
Com instinto maternal ou não, a minha solidariedade vai para todos os que têm cão ou gato novo e para as minhas amigas, que se lixe, para todas as mulheres que têm bebés/crianças.
Sim, eu que faço o que quero, posso e mando, tenho sido alvo, não, vítima, séria vitima do que a maioria das pessoas com cães ou filhos pequenos costumam ser: a opinião do espertinho que sabe tudo só porque também tem um.
E o que é a opinião do espertinho (se fosse só um)? São os bitaites e postas de pescada que TODOS gostam de mandar relativamente à educação e relacionamento com o animal/filho. Ora porque sou branda, ora porque sou severa, ou porque tenho de fazer assim, assado, dar uma palmada, "que horror não espanque o animal", sempre mas sempre seguido de "o meu não faz isso" (Pois claro, é um coirão velho que se arrasta e não uma pré-adolescente na flor da idade com a vontade de brincar, correr e saltar de um cavalo de corridas.).
É assim, meus caros, que constato o quanto cresci e amadureci nestes parcos trinta e dois anos. Lá tenho aguentado tudo com um sorriso estóico, silencioso e sereno enquanto, por dentro, os meus pulmões gritam "Estás para aí a falar mas o teu cão foge-te para ir assaltar os contentores do lixo e passa o tempo a tentar acasalar com a tua perna!".
Até as piadolas do(a)s dono(a)s dos tarados dos cães que quiseram pôr-se em cima da minha cadela (ainda a bicha tinha três meses) aguentei. "Ai, deixe estar, ele só quer brincar e não faz mal, ela ainda não tem cio." Como não faz mal? Como não faz mal que um canastrão tarado de quatro patas viole a minha bebé de três meses só porque ela ainda não tem o cio? Felizmente, Cacau, a simpática (como lhe chamam), arregalou os dentes e fincou-os "docilmente" nas orelhas e pescoço do canastrão, de forma a que o mesmo nunca mais repetiu a graça. Fofa, a minha Cacau. Perante o olhar horrorizado da dona, dei-lhe umas festas, umas palavras de incentivo e dois biscoitos quando chegou a casa. Os homens são todos iguais é algo que ambas já sabemos.
No entanto, a melhor foi hoje de manhã.
A minha cadela é frequentemente apelidada de "maluca" só porque gosta de correr, saltar e vai cumprimentar toda a gente no jardim quando chega, ao invés de se deitar no chão a roçar as costas balofas no cócó dos outros cães. A minha cadela salta sebes como um cavalo de provas de saltos e é mais veloz do que qualquer um que tente persegui-la. Dá o dobro da volta ao jardim no dobro da velocidade, finta-os todos (uns quatro ou cinco, quando não são oito ou dez) e ainda salta por cima deles como se de um obstáculo se tratassem. Para apanhá-la são outros quinhentos. Por ela, brincaria ali de sol a sol, sem interrupções.
Hoje o cenário era semelhante. Cacau na frente, com quatro no encalço. Aparece outro e atravessa-lhe pelo o lado. Ela aumenta a velocidade, segue para uma zona do jardim onde não costuma ir e, quando dá conta, está lá em baixo, a relva desaparece sob as patas, passeio pela frente, com a estrada logo a seguir. Sem qualquer comando meu, "trava" de repente, cai e rebola pelo passeio, enquanto os outros vão todos para a estrada. Cacau regressa a correr para a relva, enquanto os outros donos estão na estrada a tentar trazer os respectivos para o jardim, sem grande sucesso. Devem ter ficado por lá uns bons dez minutos enquanto Cacau e eu ainda jogámos à bola na relva, sob os mornos raios de sol.
Os velhotes que assistiram tudo no banco do jardim felicitaram-me como a cadela viu imediatamente que não podia ir para a estrada e voltou para trás ignorando o facto de os outros por lá ficarem. "Foi emocionante"- nas palavras de um - "Ela assim que viu que tinha logo a estrada parou de tal maneira que caiu e depois saiu a correr!".
Ok, emoção a mais para um Domingo e dois senhores de setenta e muitos anos, tenho que concordar mas, ainda assim, quero ver agora quem é o próximo a dar palpites sobre educação.
Agora, com vossa licença, vou levá-la ao jardim para o passeio nocturno. Ela e a minha moral toda.
Com instinto maternal ou não, a minha solidariedade vai para todos os que têm cão ou gato novo e para as minhas amigas, que se lixe, para todas as mulheres que têm bebés/crianças.
Sim, eu que faço o que quero, posso e mando, tenho sido alvo, não, vítima, séria vitima do que a maioria das pessoas com cães ou filhos pequenos costumam ser: a opinião do espertinho que sabe tudo só porque também tem um.
E o que é a opinião do espertinho (se fosse só um)? São os bitaites e postas de pescada que TODOS gostam de mandar relativamente à educação e relacionamento com o animal/filho. Ora porque sou branda, ora porque sou severa, ou porque tenho de fazer assim, assado, dar uma palmada, "que horror não espanque o animal", sempre mas sempre seguido de "o meu não faz isso" (Pois claro, é um coirão velho que se arrasta e não uma pré-adolescente na flor da idade com a vontade de brincar, correr e saltar de um cavalo de corridas.).
É assim, meus caros, que constato o quanto cresci e amadureci nestes parcos trinta e dois anos. Lá tenho aguentado tudo com um sorriso estóico, silencioso e sereno enquanto, por dentro, os meus pulmões gritam "Estás para aí a falar mas o teu cão foge-te para ir assaltar os contentores do lixo e passa o tempo a tentar acasalar com a tua perna!".
Até as piadolas do(a)s dono(a)s dos tarados dos cães que quiseram pôr-se em cima da minha cadela (ainda a bicha tinha três meses) aguentei. "Ai, deixe estar, ele só quer brincar e não faz mal, ela ainda não tem cio." Como não faz mal? Como não faz mal que um canastrão tarado de quatro patas viole a minha bebé de três meses só porque ela ainda não tem o cio? Felizmente, Cacau, a simpática (como lhe chamam), arregalou os dentes e fincou-os "docilmente" nas orelhas e pescoço do canastrão, de forma a que o mesmo nunca mais repetiu a graça. Fofa, a minha Cacau. Perante o olhar horrorizado da dona, dei-lhe umas festas, umas palavras de incentivo e dois biscoitos quando chegou a casa. Os homens são todos iguais é algo que ambas já sabemos.
No entanto, a melhor foi hoje de manhã.
A minha cadela é frequentemente apelidada de "maluca" só porque gosta de correr, saltar e vai cumprimentar toda a gente no jardim quando chega, ao invés de se deitar no chão a roçar as costas balofas no cócó dos outros cães. A minha cadela salta sebes como um cavalo de provas de saltos e é mais veloz do que qualquer um que tente persegui-la. Dá o dobro da volta ao jardim no dobro da velocidade, finta-os todos (uns quatro ou cinco, quando não são oito ou dez) e ainda salta por cima deles como se de um obstáculo se tratassem. Para apanhá-la são outros quinhentos. Por ela, brincaria ali de sol a sol, sem interrupções.
Hoje o cenário era semelhante. Cacau na frente, com quatro no encalço. Aparece outro e atravessa-lhe pelo o lado. Ela aumenta a velocidade, segue para uma zona do jardim onde não costuma ir e, quando dá conta, está lá em baixo, a relva desaparece sob as patas, passeio pela frente, com a estrada logo a seguir. Sem qualquer comando meu, "trava" de repente, cai e rebola pelo passeio, enquanto os outros vão todos para a estrada. Cacau regressa a correr para a relva, enquanto os outros donos estão na estrada a tentar trazer os respectivos para o jardim, sem grande sucesso. Devem ter ficado por lá uns bons dez minutos enquanto Cacau e eu ainda jogámos à bola na relva, sob os mornos raios de sol.
Os velhotes que assistiram tudo no banco do jardim felicitaram-me como a cadela viu imediatamente que não podia ir para a estrada e voltou para trás ignorando o facto de os outros por lá ficarem. "Foi emocionante"- nas palavras de um - "Ela assim que viu que tinha logo a estrada parou de tal maneira que caiu e depois saiu a correr!".
Ok, emoção a mais para um Domingo e dois senhores de setenta e muitos anos, tenho que concordar mas, ainda assim, quero ver agora quem é o próximo a dar palpites sobre educação.
Agora, com vossa licença, vou levá-la ao jardim para o passeio nocturno. Ela e a minha moral toda.