terça-feira, fevereiro 01, 2011

Alexandra e a coninhas* que há em mim


*Há uma primeira vez para tudo, até para utilizar esta expressão.

Estou para aqui num vai não vai, ai que é desta que começo a investigar à séria um trabalho que me seja ofertado, lá no outro continente onde o então Presidente Itamar Franco carnavaleou ao lado da moça sem cuecas.

É o costume. Seguro-me porque sei que se for não volto. Seguro-me porque sou uma verdadeira coninhas. O que vou deixar para trás, a família, amigos, etc.

Entretanto, dêem-me um segundo, já que acabo de deixar cair o tomate da tosta que confeccionei para o repasto do meio-dia (Boa cozinheira mas ninguém disse que era rápida.) mesmo em cheio em cima do teclado do computador. Este é novo mas já viu e provou de tudo.

Porquê o Rio? Em que blogues têm andado? É preciso dizer muito? Cidade maravilhosa? Homens musculados? Água de côco? Fantasiar com a Mónica Marques?

Sejamos sinceros. (Ah, teclado limpo mas com nódoa duvidosa.)

Portugal é óptimo.

Adoro o meu país.

O único problema de Portugal, bem, o único problema de Portugal são os portugueses.

Não se aguentam. Ai a tristeza, ai a saudade, ai que o pensamento positivo fica fechado a cinto de castidade, no século XIV, para não mais voltar.

Isso e o Inverno. Cá, o Inverno frio. E isso, caros irmãos zucas, não é chique. É uma merda.

Depois, vem a advocacia.

Quer dizer, não vem.

Estou farta, fartinha até ao tutano.

A minha até é fixe, com os meus clientes incertos que pagam só quando lhes apetece mas, depois, vêm os amigos. Os amigos acham um desperdício. Que devia voltar para uma sociedade. De preferência, para uma grande como aquelas onde já trabalhei. E não há saco. Não há saco para essa gente que esqueceu a ética profissional e o significado de produtividade no travesseiro, de manhã. Não há saco para essa gente que deveria aprender a gerir capital humano e as vantagens de um bom ambiente de trabalho e não há saco para o capital humano que não é verdadeiramente capital, visto que entende que bom profissional é o que engonha durante o dia e depois fica a trabalhar até altas horas para fazer bonitinho.

Daí que sonhe em ser feliz numa terra de sol que me encantou. Daí, entenda que, já que nem um cão consigo por cá, emigrarei para arranjar um gato bem cachorrão no calçadão da praia do Leblon.

Daí que sou uma coninhas da pior espécie, já que, ao invés de arregaçar as mangas, estou para aqui a escrever este texto e a lamentar-me das forças que me falham.

Coninhas e tuga.

Depois, admirem-se que perca a paciência comigo.

Entretanto, a tosta estava óptima. Talvez, com falta de tomate.

Outra coisa, fashionistas da H&M, Zara e Primark, chorem.

Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudade
Rio, teu mar, praias sem fim
Rio, você foi feito pra mim


15 comentários:

A disse...

verificação de palavras: later

Anónimo disse...

Alexandra, não vá.
Nunca, em país tão quente e soalheiro, conseguiria manter este espírito mais cáustico que a soda :)
Os portugueses precisam de si. Mesmo os coninhas.

(Antónia)

Bichinha disse...

Este texto merece uma ovação! Perfeito retrato, mas eu por mim ia mesmo era para os USA, porque sim, e sem peninha nenhuma :) Desde que li os Maias e estudei Pessoa percebi que o saudosismos e a lamechice não nos leva a lugar nenhum.
Podemos fazer melhor? Podemos!
Começando por acreditar em nós nas nossas capacidades e uma vacina de positivismo e auto estima também ajudava.

A disse...

...e fugindo para outro país.

Jedi Master Atomic disse...

Deixa lá pah....as coninhas são boas e é disso que os portugueses gostam...loool

Agora mais a serio, sabes o que é te falta mesmo?

Falta-te perder o emprego e ficar sem meios de subsistência.

Sweet Moments disse...

Se a vontade é essa, então toca a lutar por isso. Dar os primeiros passos e avançar de vez ! De que adianta ficar apenas pelos sonhos ?
Bons passos !

Alexandra disse...

A,

Aligator

Antónia,

Não menospreze a minha capacidade. Lá seria uma saudosa emigrante a torcer o nariz às muitas leviandades de um clima tropical.

Bichinha,

Para os States, só se quisesse jogar-me da janela. Empreendedorismo sim, americanos, nem por isso.

A,

Não é fugir.

É.

Jedi,

Qual emprego? Qual meio de subsistência? Qual foi a parte que não percebeste?

Sei bem o que me falta. A resposta está a seguir ao título.

Sweet Moments,

:-) Esperemos que sim. Obrigada.

A disse...

estava só a dar seguimento ao discurso motivador da bichinha.

Jedi Master Atomic disse...

Eu estava no gozo...loool
Vai mas é para o Brasil...vá.....chô daqui.

Alexandra disse...

Não quero desculpas. Quero bilhetes de avião.

Latas de leite condensado também serão aceites.

A disse...

e que tal uma experiência de quase vida? é isso que te tá a faltar.

costumas passar por algum beco escuro?

Alexandra disse...

Dessas já tive várias quando tinha natação às 6h30, obrigada.

S. disse...

Alexandra (vou tomar a liberdade de te tratar por tu...),

estou a acabar a licenciatura em Direito e tu assustas-me taaaantooo!
honestamente, não sei se o que sentimos é idêntico, mas tenho uma vontade enorme de, acabando o curso, sair do país, mas no meu caso seria para mais perto (Londres). É porra do curso que não dá para fazer grande coisa noutro país. Enfim, não há dia nenhum que não pense nisso, o problema é mesmo no que trabalhar, porque, de resto, o sentimento que descreves em relação a tudo idêntico. Não é que não goste do país; o problema são mesmo os portugueses...

Miss B-Beautiful disse...

Deixa lá as sociedades grandes...

"Não há saco para essa gente que deveria aprender a gerir capital humano e as vantagens de um bom ambiente de trabalho (...)": subscrevo.

Alexandra disse...

S.,

Se é essa a tua vontade, força. O momento ideal é ires logo quando termines um curso. Aproveita para fazer um LLM ou outra formação. Isso é possível mas é necessário que faças formação lá fora.

Miss B-Beautiful,

Grandes e pequenas. O vírus é geral.