Tenho uma amiga que está a passar uma má fase.
Daquelas em que nada corre bem, o mundo é negro, que todos os homens são uns sacanas e que uma relação amorosa é física e psicologicamente impossível. Que elas, as mulheres, elas são umas falsas, mas eles não se seguram, os porcos. Que os casais mais antigos, os poucos que existem, estão juntos por mero comodismo, num regime de tolerância ténue.
Aqui há uns dias, de visita, ficou encantada com um casal de velhotes à antiga, ela de saia de gola alta, ele de casaco e chapéu, que costumam passear nesta rua, todos os dias, de mãos dadas.
Ambos com mais de sessenta e muitos anos, certamente.
- Que amorosos!
- Vês? É, sim, possível ter uma relação duradoira. Mesmo nos tempos que correm e apesar de o mundo andar meio louco e com as hormonas em cima.
- Estou encantada. A ternura com que se olham, como apertam a mão do outro... Olha, ganhei o dia!
Ontem, fiquei a conhecer a verdadeira história.
E não sei.
Não sei como hei-de explicá-la à minha amiga.
Como hei-de confidenciar-lhe que afinal aqueles dois velhotes amorosos estão juntos apenas há um mês e qualquer coisa.
Que ela é uma divorciada que se mete e enrola com tudo o que é velho do bairro, sem pudor pelo estado civil do mesmo. Passa o tempo a desencaminhá-los para copos e bailaricos e noites de amor embriagado. Aproveitando-se do único vigor que lhes resta, isto é, dos poucos euros da pensão que lhes cabe.
Que ele largou a mulher de dezenas de anos de casamento, deixou os filhos, netos e restante família atónitos, e que agora gasta a reforma em bebida e noitadas com ela.
Pensando melhor, acabaram de passar os dois e acho que lhe vi um um bocado do triângulo do fio dental encarnado a aparecer pela parte de cima da saia de gola alta.
Bitch.
E que ele lhe lançou um olhar lambão e devorador.
O cabrão.
Daquelas em que nada corre bem, o mundo é negro, que todos os homens são uns sacanas e que uma relação amorosa é física e psicologicamente impossível. Que elas, as mulheres, elas são umas falsas, mas eles não se seguram, os porcos. Que os casais mais antigos, os poucos que existem, estão juntos por mero comodismo, num regime de tolerância ténue.
Aqui há uns dias, de visita, ficou encantada com um casal de velhotes à antiga, ela de saia de gola alta, ele de casaco e chapéu, que costumam passear nesta rua, todos os dias, de mãos dadas.
Ambos com mais de sessenta e muitos anos, certamente.
- Que amorosos!
- Vês? É, sim, possível ter uma relação duradoira. Mesmo nos tempos que correm e apesar de o mundo andar meio louco e com as hormonas em cima.
- Estou encantada. A ternura com que se olham, como apertam a mão do outro... Olha, ganhei o dia!
Ontem, fiquei a conhecer a verdadeira história.
E não sei.
Não sei como hei-de explicá-la à minha amiga.
Como hei-de confidenciar-lhe que afinal aqueles dois velhotes amorosos estão juntos apenas há um mês e qualquer coisa.
Que ela é uma divorciada que se mete e enrola com tudo o que é velho do bairro, sem pudor pelo estado civil do mesmo. Passa o tempo a desencaminhá-los para copos e bailaricos e noites de amor embriagado. Aproveitando-se do único vigor que lhes resta, isto é, dos poucos euros da pensão que lhes cabe.
Que ele largou a mulher de dezenas de anos de casamento, deixou os filhos, netos e restante família atónitos, e que agora gasta a reforma em bebida e noitadas com ela.
Pensando melhor, acabaram de passar os dois e acho que lhe vi um um bocado do triângulo do fio dental encarnado a aparecer pela parte de cima da saia de gola alta.
Bitch.
E que ele lhe lançou um olhar lambão e devorador.
O cabrão.
16 comentários:
Ah, ah, ah, ah, ah!!!!!!
Fantástico post!!!!!
Bolas! que história!
Mas olha que posso garantir-te, porque conheço, casais mais idosos que ainda se olham com uma ternura de fazer inveja. E aindam de mãozinha dada e ele leva-lhe os saquinhos e agarra na mala dela quando ela precisa de ajuda e ficava aqui a noite toda a dizer-te coisas deles! 2 casais que conheço assim.
E estão casados há décadas! aquilo é Amorio ... pronto, tou ca lagrimita no olho.
* andam
( fiquei comovida)
Ah ah ah ah !!!
Como é que tu descobres estas peripécias mirabolantes?
Ele há com cada história de fazer arrepiar... e depois dizem que a malta nova não tem juízo... é o que dizem.
Abraço
Com carinho
Sairaf
LOOOOOOOOOL
Realmente, já viste??? Nem os velhinhos têm honra e respeito e moral e tuti-tuti!! Malandros!! Depois o que esperam de nós, jovens? Hã, hã???
HAHHAHAHA...A primeira reacção foi dar uma boa gargalhada, mas náo tem assim tanta piada...
Fogo...
Realmente acho melhor ainda não contares a tua Amiga...
Fogo...
Adorei o nome do teu blog,já comi leite condensado a colher, upsssss:)
SUUUUrrisinhos:)
Adorei o post;) E nem vou fakar das coisas do amor, e dos casais, e de estar junto durante anos...porque este post diz tudo.
bjs***
Pois!
Mas podes contar a história dos meus pais que vieram apaixonados até que a morte de um os separou.
A minha mãe continua apaixonadíssima por ele e ele, tenho a certeza, que lhe bebia os ares também a adeve amar esteja onde esteja.
És doente.
A tua história tresanda a fraude...
não sei porque, sempre que venho aqui leio: Leite Condenado ás Colheradas...
Ps:sinto falta da anterior fotografia do cabeçalho (engraçado, esta palavra repetida algumas vezes, fica com um sentido esquesito...)
Devastador! Se contas a tua amiga acabasse a esperança! Mentirinha piedosa nunca fez mal!
"Demóstenes disse...
A tua história tresanda a fraude..."
LOOOOOOOOOOOOOOOL
Bock,
:-)
Isa,
Eu também conheço vários mas esta foi hilariante.
Saraif,
Tenho um iman que nem te conto.
Zaahirah,
Em vez da juventude, diríamos que esta velhice está perdida.
Susaninha,
É mesmo a minha perdição.
Inês e Mafalda,
Não esquecer a ironia. Não diz tudo. Brinca.
Gi,
Exactamente. Conheço vários assim.
Piston,
Também gosto muito de si. Quer dizer, tem dias.
Demóstenes,
Que acusação tão vil. As minhas histórias são sempre perfumadas.
Paulo,
Condenado quanto muito a açúcar.
Qual fotografia? Já tive várias. A dos Carros?
Rabodesaia,
Detesto mentiras piedosas. Há-que aprender a contar.
Jedi,
Precisamente. Agora, tresanda...
Porra... de velhinhos inofensivos a tarados...
No teu lugar deixava a tua amiga pensar que eles sao um casal como daqueles que já nao se fazem...
Eu estou com a senhora. Divorciou-se, procura o amor. Ou só a diversao. Ou enquanto procura um vai tendo os outros. Acho que ela às tantas (e estou a falar de cor) é um bom exemplo das mulheres como às tantas nao se faziam - e é pena. Nao acho que os desgraçadinhos sejam levados, acho que se divertem e provavelmente gozam a volta do flirt e dos bailaricos.
Pela minha parte, sinto-me no direito de sair com vários homens e espero que quando chegar aos 80, se já nao estiver feliz com o meu amor de 50 anos ou ainda nao o tiver encontrado, ninguém duvide do meu direito a tentar, seriamente ou menos a sério. Serial-dater idosa ao poder!
Logo, conta-lhe porque é um caso de esperança. De como nao perdê-la, de como a diversao nao acaba amanha e de como, mesmo que tenhamos falhado a relaçao com o velhote anterior, ainda haverá olhares apaixonados de parte a parte com o próximo.
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