quinta-feira, julho 16, 2009

O maravilhoso mundo do meu imaginário - Como a minha mente me presenteia com ideias e imagens tão fotográficas que se tornam inesquecíveis


Ontem, já tarde, regressei a casa de taxi.

Andar de taxi é para mim tão banal que um taxi ou outro, já não os distingo, não há medos, condutores mais ou menos enfezados ou com aspecto de poderem integrar a carteira de clientes dos colegas que apreciam desfilar na tv.

Quanto muito, existem confortos e, nessa mesma ordem de ideias, por vezes, sou quanto baste esquisita. Certamente, se reparo num taxista a fumar, faço tempo para apanhar o taxi seguinte da fila.

Foi o que fiz, acabei por entrar novamente no Atrium, comprar a cartolina esquecida, duas tartes de amêndoa (porquê duas, a minha bulimia é por vezes insuportável, já sei), a juntar ao jantar e ao almoço para o dia seguinte, que também arrastava comigo.

Regressei à entrada, avistei o taxi perfeito, limpinho por fora e arejado por dentro, logo no primeiro lugar na fila, dou uma corrida mas uns turistas menos carregados levam-me a melhor.

Entro, então, no seguinte, cuja descrição não me atrevo a dissecar, para vosso inteiro bem e para o da minha mente, meus caros, não esquecer que também é importante preservar esta minha boa mente, livrá-la de internamentos ou fármacos imprescindiveis para obliterar este tipo de traumas.

Digo apenas que se o veículo não estaria colado com cuspo, estaria forçosamente com pastilha elástica. Se essa era a imagem exterior, a locomoção confirmou-o. O interior? Fechei os olhos, naturalmente. A viagem toda. 

 Por sua vez, o condutor, dos seus sessenta e muitos anos, de olhar perdido no horizonte, sentava-se totalmente inclinado para a direita, apoiado somente na nalga direita, como se quisesse poupar a esquerda para outros festins. 

"É para casa, Sr. taxista."

Arranca então, aos solavancos, sempre inclinado para a direita (conduziu assim toda a viagem), mudanças metidas a medo, solavancos, barulhos estranhos, cheiros do motor suspeitos (!!!), solavancos, motor com o mesmo ruido da Zundapp da minha vizinha (que marcou o nosso verão de liberdade aos caatorze anos), mudanças a medo, indecisas, fora de tempo e com guinchos de protesto da embreagem (por instantes, pelos ruídos, juraria que a parte esquerda do veículo se separara da direita).

Não fosse tão perdida nos meus pensamentos, teria tido uma viagem assustadora. 

E, entre as tropelias da viagem, sempre interrompidas pelos meus pensamentos, entre o discorrer dos meus pensamentos, aqui e ali interrompidos pelas tropelias da viagem, com o Sr. taxista a dirigir sempre inclinado e apoiado na nalga direita, lá veio à baila duas ou três vezes um "Coitado do Sr. taxista. A hemorróida deve ser mesmo horrível!"

Nota: O jantar de ontem, as tartes de amêndoa e o almoço de hoje continuam intactos.

7 comentários:

Gi disse...

Mas tu não foste a viagem inteira de olhos fechados? Realmente o teu imaginário é maravilhoso! ;)

cdgabinete disse...

aprendi muitas coisas com os taxistas de lisboa... oh oh! As coisas que taxistas faladores se lembraram de partilhar comigo....

Jedi Master Atomic disse...

"por instantes, pelos ruídos, juraria que a parte esquerda do veículo se separara da direita"

Por isso é que ele conduziu sempre inclinado para a direita.

Nawita disse...

Ui, não é de admirar que não tenhas conseguido comer. felizmente não meteu conversa contigo!

Textículos disse...

Hoje lembrei-me deste teu post, também andei num taxi vindo do inferno!

volteface.book disse...

Pelo menos deu para um excelente post. E muito bem escrito.

tiagugrilu disse...

Eu juro que uma vez apanhei esse táxi para o aeroporto...!

Opá, e adorei isto: "o Sr. taxista a dirigir sempre inclinado e apoiado na nalga direita"