Hoje estou visivelmente cansada.
Foi a custo que evitei dormir no Metro com a boca aberta.
É compreensível. Estamos quase no final da semana, o descanso é nulo e ontem saí da academia às 23h30, após uma aula de Jazz e outra de barra-de-chão, sendo que esta última é coisa para, no dia seguinte, deixar no corpo uma sensação de atropelamento causada por um camião cisterna.
Nestes dias, opto sempre pela roupa mais confortável possível para minimizar o incómodo que já tenho. Hoje não foi excepção. Calças de ganga, uma camisola larga daquelas que caem sobre o corpo e mal se sentem e sandálias rasas.
Asneira. Porque deveria esquecer o senso comum e saber que, para mim, calças de ganga justas e calçado raso são uma péssima combinação, já que tenho este pé que Deus me deu, e aguento muito melhor uns saltos do que uma plataforma que obrigue o pé a ficar completamente chato.
Ora isto significa que a locomoção fica bastante dificultada. Pernas doridas-calças justas e sandálias rasas foi mesmo o piorzinho que consegui, tivesse apertado um cinto sob o peito, estaria no verdadeiro inferno.
Há pouco, resolvi ir aqui ao lado, às Amoreiras comprar almoço. Algo vitaminado que me suportasse pelo resto do dia. São cinco minutos de caminho.
Cada passo foi um sofrimento.
Uma cruz às costas.
Qual cruz, eu arrastei verdadeiras bigornas de chumbo.
Cheguei ao final da rua e detive-me, junto à passadeira, a ofegar, com desconforto. Sem forças. Com dores.
- Está bem, menina?
- Sim, Sr. Agente. É só cansaço, obrigada.
- Mas olhe que não parece muito bem.
Dito isto, para meu espanto e perplexidade, lança os braços à minha volta e pega-me ao colo.
- Deixe estar que eu levo-a. Para onde vai?
É que nem surpresa nem meia surpresa. Ao invés de espernear e exigir que me devolvesse à terra, dou por mim, com o conforto do corpo suspenso e seguro, a saborear aquele momento, a aninhar-me no seu peito por largos segundos, sem reacção contrária à investida, só depois ganhando coragem para recuperar as forças, pôr uma cor nas faces e envergonhada e firmamente dizer:
- Sr. Agente, por favor coloque-me no chão! Eu estou bem! (Ai mas que bem que sabe o seu colo!)
Descansem. Foi exactamente o que fez.
Largou-me e deixou-me seguir caminho, não sem primeiro se certificar que estava efectivamente bem.
Lá segui, com o meu orgulho feminino, rezando para que ninguém conhecido tivesse assistido à cena.
Ainda assim, o caminho de volta foi severo e penoso.
Por mais que tente ignorar, está escrito.
É até mesmo uma Lei Natural.
Tivesse eu capacidade para ser donzela em apuros e seria muito mais feliz (e descansada).
15 comentários:
looooooooool
Mas que malandro o Sr. Agente :P
Mas esperto ao mesmo tempo.
A verdadeira questão é: O Sr polícia era pelo menos alguém agradável às vistas?
Beijo
Olha a Ana aqui tirou-me as palavras do teclado... (é que agora há por ai uns novos mto giros)
Curtiste do meu disfarce de chui?
Jedi,
Nada malandro. Estava visivelmente preocupado.
Ana,
Já estava à espera da pergunta. Era sim, bastante até.
Beijinho
AnaT,
Pois há. La na academia há uma turma que vai lá de manha ter preparação fisica com o meu professor de Ballet e Jazz. Muito bem servidos.
Tiagugrilu,
Adorei. Só desconfiei mesmo quando vi que tinhas o rabo à mostra.
Sabes bem que nós os grilos falamos por aí...
E fizeste um caminho de volta diferente para despistares o agente?
Tiagu,
Não sei não!
Gi,
Para quê? Pode ser que um dia a parvoeira me passe e aceite um colo de bom grado.
...De onde é que achavass que vinham os criiii criiii criiii ?
Dos CD's de Chill Out.
Hum...Aproveitaste pelo menos para ficar com o número?
Pode ser que voltes a necessitar:)
Beijo
oh que lindo! um gentleman, um verdadeiro agente de segurança pública e servidor da comunidade:)))
fiquei um bocado "invejosa", é que dói-me o tornozelo esquerdo!!
sim visivelmente preocupado! Nem sei como é que não foi ainda beatificado... Aquilo é vê-lo acartar ao colo velhinhas gordas de bigode carregadas de sacos do supermercado.
Santa ingenuidade!
Ai o Sr. Agente!!! :)
Ana,
É que nem de propósito... Não...
Ana Sofia,
Um personal lifter.
Miguel,
A ingenuidade é amorosa.
Pepper,
É agente e não doutor!
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