Já dizia a minha amiga Mónica, a melhor arma que uma mulher pode ter face a um homem não é o peito firme, ou o rabo sinuoso, nem mesmo o sorriso encantador. A melhor arma é o choro.
A Mónica estagiava no mesmo escritório que eu. Tinha responsabilidades e uma mulherzinha que a chefiava, cujas preocupações eram bem mais mundanas que o trabalho e o seu sucesso. Semana sim, semana sim, a megera enfeitada acordava da vida cor-de-rosa, deparava-se com a estagiária labutante e via o seu lugar de sócia "competente" ameaçado. Perdida no estado dos processos, a minorca imputava-lhe culpas só suas, inventava situações, revelava a todos uma personagem estagiária deveras irresponsável.
A Mónica, lá aguentava, umas vezes firme e hirta, outras a fugir para a casa-de-banho ou para o vão das escadas, num pranto inconsolável.
Certo dia, o meu patrono chamou-a, para mais uma vez a confrontar com as acusações da megera pinypon. Esgotada, treme o lábio, pestaneja os olhos brilhantes e solta o maior dilúvio já visto, digno de provocar monções e inundações por esse mundo fora. Nesse dia, ler-se-ia no boletim meteorologico: Mónica mete S. Pedro a um canto, os Londrinos sentem-se em casa.
Aquilo é que foi um homem atrapalhado. Era o Manel tremeliques a levar as mãos à cabeça, o Manel tremeliques a desfazer-se em "cleanexes", festas e confortos. Imbutido no espírito másculo protector da donzela “in distress”, percorreu todos os processos e diligências da miúda. Descobriu a falcatrua da megera e deu-lhe uma reprimenda pública. Finalmente, para espanto de todos, deu férias extra à estagiária desconsolada, abrindo os cordões à bolsa, normalmente fechada a cadeado, envolvida em correntes e cintos de castidade.
Sexta-feira, de regresso do ginásio, rumo a casa. Jipe no alentejo. O metro atrasa-se, perco o autocarro e vejo o tempo para me arranjar para sair a esfumar-se. Chego a casa desesperada. Qual lâmpada luminosa a anunciar-se com um “tlim” sob o meu cocuruto, recordo-me da Mónica. Fungo o nariz e dirijo-me ao meu pai sempre solícito.
- Chuif... chuif! Pai, hoje tive um dia tão complicado... Corre-me tudo mal! Perdi o autocarro e não tenho tempo de ir buscar as calças à lavandaria. Chuif, chuif... Eu que queria tanto sair com aquelas calças... Estou sem carro... vou levar séculos! Chuif... buáá... – as lágrimas gordas escorregam-me pela face desgostosa.
- Ó Maria Alexandra, por favor! Tanta coisa naquele armário que já rebenta com as costuras! Veste outra coisa!
- Mas, pai... – encolho-me qual formiguinha Mónica, criatura frágil e carente de mimos e consolo, esfrego os olhos afogados nas lágrimas e afino a goela chorona.
- Qual mas pai! Sê adulta! - Encerra o progenitor, com voz firme e irrebatível.
Diminuida a playmobil, qual Alexandra engole abruptamente o comprimido do Pai Natal para descer a chaminé, retiro-me rastejando para a toca do quarto, derrotada. Mais uma bela teoria pelo cano abaixo.
A Mónica estagiava no mesmo escritório que eu. Tinha responsabilidades e uma mulherzinha que a chefiava, cujas preocupações eram bem mais mundanas que o trabalho e o seu sucesso. Semana sim, semana sim, a megera enfeitada acordava da vida cor-de-rosa, deparava-se com a estagiária labutante e via o seu lugar de sócia "competente" ameaçado. Perdida no estado dos processos, a minorca imputava-lhe culpas só suas, inventava situações, revelava a todos uma personagem estagiária deveras irresponsável.
A Mónica, lá aguentava, umas vezes firme e hirta, outras a fugir para a casa-de-banho ou para o vão das escadas, num pranto inconsolável.
Certo dia, o meu patrono chamou-a, para mais uma vez a confrontar com as acusações da megera pinypon. Esgotada, treme o lábio, pestaneja os olhos brilhantes e solta o maior dilúvio já visto, digno de provocar monções e inundações por esse mundo fora. Nesse dia, ler-se-ia no boletim meteorologico: Mónica mete S. Pedro a um canto, os Londrinos sentem-se em casa.
Aquilo é que foi um homem atrapalhado. Era o Manel tremeliques a levar as mãos à cabeça, o Manel tremeliques a desfazer-se em "cleanexes", festas e confortos. Imbutido no espírito másculo protector da donzela “in distress”, percorreu todos os processos e diligências da miúda. Descobriu a falcatrua da megera e deu-lhe uma reprimenda pública. Finalmente, para espanto de todos, deu férias extra à estagiária desconsolada, abrindo os cordões à bolsa, normalmente fechada a cadeado, envolvida em correntes e cintos de castidade.
Sexta-feira, de regresso do ginásio, rumo a casa. Jipe no alentejo. O metro atrasa-se, perco o autocarro e vejo o tempo para me arranjar para sair a esfumar-se. Chego a casa desesperada. Qual lâmpada luminosa a anunciar-se com um “tlim” sob o meu cocuruto, recordo-me da Mónica. Fungo o nariz e dirijo-me ao meu pai sempre solícito.
- Chuif... chuif! Pai, hoje tive um dia tão complicado... Corre-me tudo mal! Perdi o autocarro e não tenho tempo de ir buscar as calças à lavandaria. Chuif, chuif... Eu que queria tanto sair com aquelas calças... Estou sem carro... vou levar séculos! Chuif... buáá... – as lágrimas gordas escorregam-me pela face desgostosa.
- Ó Maria Alexandra, por favor! Tanta coisa naquele armário que já rebenta com as costuras! Veste outra coisa!
- Mas, pai... – encolho-me qual formiguinha Mónica, criatura frágil e carente de mimos e consolo, esfrego os olhos afogados nas lágrimas e afino a goela chorona.
- Qual mas pai! Sê adulta! - Encerra o progenitor, com voz firme e irrebatível.
Diminuida a playmobil, qual Alexandra engole abruptamente o comprimido do Pai Natal para descer a chaminé, retiro-me rastejando para a toca do quarto, derrotada. Mais uma bela teoria pelo cano abaixo.
14 comentários:
ahahahahhaha.
Belo belíssimo Post.
O teu pai nunca te vai olhar pelos olhos de um homem, nem nunca vais parecer uma mulher aos olhos dele.
É natural que não funcione. :)
Pois é, não serve para todas! tem que se ter um ar fráááágil, you know? ;)
Concordo em absoluto, embora não faça o meu género, eu é mais perder a cabeça e esticar o peito, a malta dos números é mais bruta que a das letras,mas a estratégis só resulta com homens, não é válida para pais. Desafio para ti lá nos pensamentos.
Tita
Ao menos emprestou o carro?
A minha estratégia costuma ser "faço-me de forte e todos têm pena e oferecem-se para ajudar" (A partir de agora, estou tramada...)
Hummm... Parece-me que desta vez não funcionou porque a estratégia do meu pai era "Acabei de comprar carro novo, que parece uma limousine, nem pensar que o imagino amolgado, além disso, não estás habituada a conduzi-lo"...
se calhar, esse pequeno "detalhe" do carro novo ofusca, um pouco, a capacidade de julgamento do Sr. teu pai. :D
Tita,
Esse desafio vai demorar um pouco. Vou ter mesmo que entrar dentro de mim (blerggghhhh) e descobrir a verdade...
Ah, pois. Não me parece que as teorias funcionem muito bem.
Emprestarias o teu melhor par de sapatos a alguém?
Ora pois...
com os homens e seus carros a situação é precisamente a mesma...
Detalhe pequenino, pequenino...
Funcionam! Para alguns...
Em compensação, adoram pegar nos carros das mulheres. Vou artilhar o meu de Hello Kittys, a ver se o meu pai ou o meu irmão voltam a pôr-lhe as mãos em cima. Aposto que deixa de dar para a caça e tudo!
Ehehehehe, sou diabólica!
A teoria do choro continua a funcionar, oh se continua. O teu pai é que não vai em cantigas. Mas a maior parte dos homens tem a mesma atitude que esse teu chefe. Eu também já presenciei uma ou outra cena dessas. :-D
Ahhh, bom!
Uma mulher a comprovar que lá que ela existe, existe! E funciona!
Note to myself: Melhorar a performance...
Tens é de aperfeiçoar a técnica...
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