O meu Facebook pessoal é uma pérola.
Muitas vezes, tenho de segurar a minha impulsividade tempestiva, contar até 93843958945849568968, respirar fundo tudo isso vezes dois ou três, para não comentar.
A verdade é que se cascasse e gozasse com cada coisa que publicam, já não teria amigos.
Já sou uma pessoa complicada, com os seus bonecos de vudu que chegam e sobram. Eu e a minha língua que salta sempre para a verdade, doa a quem doer ou (na maioria das vezes) mesmo com as melhores das intenções mas que dá asneira e torna-me numa persona non grata, mais rápido do que o Speedy Gonzalez diz "Andale!".
O meu preferido dos últimos dias é um conhecido dos tempos da faculdade.
O meu preferido dos últimos dias é um conhecido dos tempos da faculdade.
Ora, este senhor passa o ano inteiro a esfregar na nossa cara que é ateu, detesta as religiões, que as religiões são para gente burra e por aí fora. Não há dia que não semeie no mural alguma consideração sobre o assunto, cartoon ou ambos. Não sou uma pessoa propriamente religiosa mas aquilo é cansativo.
Pasmem-se.
Nos últimos dias, é tão somente o maior entusiasta do Natal que já vi.
Ele é fotos com o gorro do pai Natal, ele é fotos com as hastes da rena (!), ele é fotos de árvores de Natal, das iluminações, dos presépios, ele é "ho ho ho's". Ele é todo o espírito natalício, como se tivesse sugado a alma a meia centena de crianças menores de quatro anos e todo o arco-íris dos Ursinhos Carinhosos.
Então mas e... o Natal... pois, então e... meu caro... festas religiosas já pode?
Não me aguento. Mordo a língua. Morde! Morde a língua!
Não me aguento. Mordo a língua. Morde! Morde a língua!
Mordo a língua mas faço printscreens de tudo. Tudo. Não escapa um fio da lampreia de ovos ou uma pitada de açúcar da rabanada.
Ele que regresse aos posts "crentes, ó pessoinhas tão burras e limitadas, que sois!". Tenho munições para, pelo menos, seis meses.
Já sei. Eu e a minha eterna incapacidade de ter diplomacia e savoir faire.
Vou morrer sozinha e isolada. Já não é novidade para ninguém.
Enrolada em vários xailes, tendo a devota Cacau, já desdentada e um pouco mouca, a velar por mim.
Na lápide ler-se-á "Aqui jaz uma chata, implicante, desagradável e inconveniente. Ninguém a chora pois já ninguém se dava com ela."